Crítica filme na TV
'Jardim Europa' é sutil ao mostrar declínio burguês
O Jardim Europa é um lugar especial. Ali está a mais uniforme concentração de palacetes da cidade de São Paulo e, possivelmente, do Brasil. Mais do que dinheiro, o bairro significa um modo de vida, identidade de valores e comportamento.
Muita gente diz que "Jardim Europa" (2014, Canal Brasil, 19h) é um filme precário. Em vários aspectos é mesmo. Tem, no entanto, a virtude que tantos filmes nada precários são incapazes de ostentar: uma ideia.
Ao se fixar numa família em estado falimentar e em sua recusa de deixar o lugar, Mauro Baptista Vedia, autor do filme, consegue, de maneira inesperada, tocar nesse ponto: o do hábito de ser quem somos, a dificuldade de aceitar mudança. E até a humilhação de empobrecer.
Mas é também uma burguesia nascida e crescida sob o signo da preguiça e dos favorecimentos que pretende, sutilmente, nos mostrar. Nada insignificante.