Mimo diminui, mas traz escalação virtuosa
Festival de música em Paraty (RJ) teve shows de prodígio inglês e de veterano do Mali
Com público menor e programação reduzida, a terceira edição do festival de música Mimo, em Paraty (RJ), compensou pelo virtuosismo da escalação. A começar pelo "homem-banda" britânico Jacob Collier, 21, que se apresentou na sexta-feira (2), primeira noite do evento.
Considerado o "novo messias do jazz" pelo jornal "The Guardian", Collier prepara um álbum com produção de Quincy Jones, o mesmo de Michael Jackson em "Thriller".
O show futurista em Paraty foi o terceiro de sua carreira, iniciada aos 17, gravando uma versão caseira em que emulava os arranjos de "Don't You Worry 'Bout a Thing", de Stevie Wonder, apenas com a voz.
A música abriu o show, em que ele se revezava entre piano, guitarra, bateria e escaleta. Tudo com a ajuda de um instrumento desenvolvido por ele e um amigo, aluno do MIT: o "harmonizer", que coloca sua voz em diferentes notas.
A audiência ficou dividida: parte não deu bola, parte ficou boquiaberta. Diferente de sábado (3), quando os pífanos, pandeiros e tambores de Carlos Malta e Pife Muderno animaram com clássicos de Edu Lobo e Luiz Gonzaga.
Mas, ao ouvir Salif Keita, Paraty dançou. Pouco depois da meia-noite, o cantor, herdeiro do Império Mali e considerado "a voz de ouro" da África, sentou-se numa cadeira na boca do palco e lá ficou até a metade do show, impassível.
Acabou aos pulinhos, agitando os braços no ar, acompanhado pela banda de músicos conterrâneos. Um deles tocava a kora –tipo de "harpa-alaúde"–, com a desenvoltura de um "guitar hero".
Segundo a organização, o Mimo reuniu 11 mil pessoas de sexta a domingo (4), somando toda a programação, gratuita: oficinas, mostra com oito documentários e concertos nas igrejas. Em 2014, foram 16 mil.
Para Lu Araújo, idealizadora da festa, a previsão de chuva e a crise econômica prejudicaram a audiência. O mau tempo ainda atrasou o isralense Zukerman Trio, que não chegou a tempo do concerto de domingo, adiando a apresentação das 16h para as 21h.
Em novembro, o festival segue para Rio e Olinda (onde nasceu), também com shows gratuitos que privilegiam a música instrumental.