Festival do Rio
'Boi Neon' ganha 4 prêmios com seu caubói costureiro
Juliano Cazarré vive vaqueiro sensível no filme do diretor Gabriel Mascaro
Longa que retrata sertão fora dos clichês venceu por filme, roteiro, atriz coadjuvante e fotografia e estará na Mostra de SP
O filme "Boi Neon", do pernambucano Gabriel Mascaro, foi o maior vencedor da edição de 2015 do Festival do Rio. Além do prêmio de melhor longa de ficção, levou como melhor roteiro, atriz coadjuvante (Alyne Santana) e melhor fotografia (Diego Garcia), pelo júri oficial. A cerimônia ocorreu na noite de terça (13).
"Boi Neon", que já havia levado o prêmio especial do júri da mostra Horizontes, durante o Festival de Veneza, aborda o universo das vaquejadas no sertão brasileiro.
Com cenas explícitas de nudez, a trama gira em torno de um vaqueiro (Juliano Cazarré) que sonha em trabalhar com moda. Com ele viaja Galega (Maeve Jinkings), dançarina que dirige um caminhão.
A inversão dos clichês sobre os gêneros –ou a "dilatação" deles, como descreve o diretor– é o tema central de "Boi Neon", segundo longa de Mascaro, que no ano passado lançou "Ventos de Agosto".
Em setembro, o cineasta disse à Folha que queria retratar um sertão fora daquele em geral mostrado pelo cinema: cheio de fome e miséria. "Eu não buscava o Brasil das tradições, mas o que mudou economicamente e modificou as relações humanas", afirmou no Festival de Veneza.
O filme será exibido na Mostra de São Paulo, a partir de outubro, mas ainda não tem data para estrear em circuito.
Como melhor documentário nacional, o júri oficial do Festival do Rio escolheu "Olmo e a Gaivota", de Petra Costa ("Elena"), mergulho na intimidade de uma atriz de teatro que se descobre grávida.
Ives Rosenfeld ("Aspirantes") e Anita Rocha da Silveira ("Mate-me Por Favor") dividiram o prêmio de melhor direção de ficção. Em documentário, a diretora premiada foi Maria Augusta Ramos, por "Futuro Junho", que retrata a cidade de São Paulo por meio de quatro pessoas distintas.
"Mate-Me Por Favor", terror sobre adolescentes da Barra da Tijuca, também rendeu à estreante Valentina Herszage o prêmio de melhor atriz. Já "Aspirantes" levou o prêmio de melhor ator para Ariclenes Barroso, que interpreta um jogador de futebol amador, enciumado do sucesso de seu melhor amigo.
"Quase Memória", obra que rompe hiato de dez anos do diretor Ruy Guerra, ganhou o prêmio especial do júri oficial.
"Pele de Pássaro", de Clara Peltier, foi escolhido como o melhor curta-metragem.
VOTAÇÃO POPULAR
Na escolha do público, "Nise - O Coração da Loucura", de Roberto Berliner, ganhou como melhor longa de ficção, e "Betinho - A Esperança Equilibrista", de Victor Lopes, como melhor documentário.
O primeiro é um drama sobre a psiquiatra Nise da Silveira, que se opôs a métodos tidos como cruéis no tratamento de doentes mentais. O filme é protagonizado por Gloria Pires. "Betinho" resgata o trabalho do sociólogo e ativista famoso por sua luta contra a fome e pela anistia.