Trechos
Leia trechos de outros textos do projeto, cuja íntegra está no site da "Ilustríssima":
Kathrin Passig
Em "Smartshoes", da escritora e jornalista alemã de 44 anos, o protagonista tece conjecturas acerca de um mundo em que máquinas são onipresentes e até mesmo os calçados são inteligentes. "Bom, mas todos esses problemas ainda não são nada. Vá tentar comprar sapatos com seus pais! Agora, tenho que lidar com este problema, pois eles já não têm mais a mesma mobilidade de antes, e é sempre a mesma coisa: primeiro, eles fazem questão de ir a uma loja, uma loja de sapatos. Onde?', perguntei da primeira vez, na aldeia-museu, por acaso?'"
Criolo
O cantor e compositor paulistano, 39, que acaba de lançar o álbum "Convoque seu Buda" para download gratuito (criolo.net/convoqueseubuda) traça, em "Hoje", o relato poético sobre o despertar de alguém que completa 50 anos. O texto descreve, em tom saudosista, questionamentos sobre a passagem do tempo.
"como uma janela entreaberta que assobia com o vento, hoje acordei sem taça, apenas um copo no móvel ao lado da cama que alguns ainda insistem em chamar de criado-mudo... criado mudo? um móvel?"
Harald Welzer
Em "Quando Harald Welzer Completou 50 Anos" o sociólogo e psicólogo social alemão, 56, imagina-se abrindo os olhos numa manhã de 2064 e vendo um mundo sustentável. "Foi a partir do estilo de vida do desapego que surgiu o novo movimento social (Loraf - Lifestyle of Relief and Fun, ou estilo de vida do alívio e do prazer): tudo aquilo que não se tem, não ocupa lugar, tudo aquilo que não se tem, não pode ser roubado, tudo aquilo que não se tem, não precisa ser carregado em mudanças, tudo aquilo que não se tem, não custa nada."
Beatriz Bracher
A protagonista de "A Neblina de Minha Avó" discorre sobre um livro não publicado de sua avó. A escritora e roteirista paulistana, 53, autora de "Garimpo" (ed. 34, 2013), narra a descoberta, pela neta, de uma intimidade algo diferente da de sua época.
"Faço 50 anos amanhã, tinha 9 quando ela morreu, sinto falta da sua voz e do colo onde me sentava para ouvi-la contar histórias. Após esse Prefácio', que só viemos a conhecer muito tempo depois da sua morte, ela não escreveu mais nada, as histórias que inventava eram para os netos."
Feridun Zaimoglu
Cavaleiros e donzelas futuristas povoam o 2064 imaginado pelo do poeta e artista plástico alemão de origem turca no conto "Amor Paterno". O personagem do escritor de 49 anos perde seu trabalho como escudeiro ao completar 50 anos.
"Ergo o olhar em direção às caixas acústicas, no alto de mastros, aos estandartes de guerra, que são inflados por foles elétricos para que estalem no vento. Guerra, perpétua. A luta une. A donzela e o escudeiro ajoelhados. Ela sussurra. Eu gemo: deixa brotar em nós os desejos assassinos."