Economia perde fôlego em agosto, indica BC
Depois de expansão de 1,5% no mês anterior, indicador de atividade calculado pelo banco avança apenas 0,3%
Para analistas, dados mostram que PIB crescerá no 3º tri, mas não o suficiente para caracterizar retomada
A economia brasileira desacelerou em agosto, segundo o Banco Central. O indicador de atividade da instituição (IBC-Br) mostrou expansão de 0,3% no mês, depois de um crescimento de 1,5% em julho, sempre na comparação com o mês anterior.
No ano, o IBC-Br acumula queda de 0,1% em relação ao mesmo período de 2013.
Analistas ouvidos pela Folha consideram que os dados sinalizam que o PIB do país deve crescer no terceiro trimestre de 2014, depois das duas quedas registradas nos dois primeiros trimestres.
O desempenho da economia, no entanto, ainda será fraco e insuficiente para caracterizar uma retomada do crescimento. Se ficar estável em setembro, por exemplo, a expansão ante o trimestre anterior será de 0,5%.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) é um indicador de atividade mensal que tem como base, por exemplo, os dados da indústria e do comércio, que mostraram ligeira recuperação em julho e agosto. Dados preliminares para setembro apontam pequeno crescimento nesses setores.
A produção industrial cresceu 0,7% em julho e também em agosto, na comparação mensal, após quatro meses de resultados negativos. O comércio varejista cresceu 1,1% no oitavo mês do ano, após dois meses de quedas em relação ao mês anterior.
Em relação ao mercado de trabalho, os dados mostram aumento do desemprego e queda na abertura de vagas com carteira no período.
PROJEÇÃO PARA O PIB
O indicador mensal do BC tem metodologia e resultados diferentes do PIB, que é divulgado trimestralmente pelo IBGE. O IBC-Br, entretanto, serve de base para as projeções para o dado oficial.
"Devemos ter um PIB no terreno positivo no terceiro trimestre, de pouco menos de 0,5%, o que, dada a recessão técnica dos dois trimestres anteriores, não é nada animador", diz a consultoria Rosenberg Associados, que avalia a possibilidade de reduzir a previsão de crescimento de 2014 para menos de 0,3%.
O PIB mensal Itaú Unibanco, indicador de atividade calculado pela instituição financeira, também mostrou crescimento em agosto, mas de 1,6%. Em 12 meses, o indicador do banco e o IBC-Br mostram expansão de 0,9%.
"O resultado está em linha com nosso cenário de PIB estagnado ou com baixo crescimento no terceiro trimestre", diz a instituição financeira.