Alta na taxa de juros e lucro do Bradesco elevam ações de bancos
Lucro de R$ 3,875 bi faz ações do Bradesco subirem 6,78%, BB tem alta de 7,03%, e Itaú, de 8,08%
Crédito desacelera e 2º maior banco privado do país reduz previsão de expansão de financiamento em 2014
Segundo maior banco privado, o Bradesco aumentou o lucro no terceiro trimestre com a retomada das concessões de crédito, a ampliação na margem de ganho com a elevação dos juros e o foco na oferta de mais serviços aos clientes. O lucro líquido somou R$ 3,875 bilhões, 26,5% a mais do que no mesmo período de 2013.
O Bradesco foi o primeiro banco a divulgar balanço do terceiro trimestre, sugerindo que os demais devem ampliar os lucros com o aumento dos juros pelo Banco Central.
As ações preferenciais (sem voto) do banco tiveram alta de 6,78%, e as ordinárias (com voto), de 7,74%, a segunda maior do Ibovespa.
As ações do Banco do Brasil subiram 7,03%, enquanto os papéis preferenciais do Itaú tiveram alta de 8,08% --a maior alta do índice. Os papéis dos três bancos ficaram entre as quatro ações com maiores altas do índice no pregão desta quarta-feira.
Para analistas de mercado, a surpreendente elevação dos juros pelo Banco Central e a sinalização de uma nova política econômica levaram a esse cenário, combinado ao bom resultado trimestral apresentado pelo Bradesco.
O lucro do Bradesco só não foi maior porque o banco teve de recolher R$ 598 milhões devido à intervenção no português Banco Espírito Santo. O Bradesco tinha 3,9% do capital do banco português.
CRÉDITO EM ALTA
Segundo o balanço divulgado ontem, as operações de crédito do banco voltaram a acelerar entre julho e setembro, somando R$ 444,2 bilhões --crescimento de 2,1% em relação ao segundo trimestre, que fora prejudicado pela Copa do Mundo. Naquele período, a expansão havia desacelerado para 0,7% ante o primeiro trimestre.
Apesar da recuperação, o banco sente a desaceleração no crédito neste ano. O volume de empréstimos aumentou apenas 7,7% em relação ao mesmo período de 2013, ritmo menor do que a meta inicial de expansão entre 10% e 14% em 2014. Devido a isso, o Bradesco revisou essa previsão para um patamar mais comedido: de 7% a 11%.
"Passada a Copa e a eleição, esperamos um crescimento maior no último trimestre", disse Moacir Nachbar Junior, diretor do banco.
Mesmo com a desaceleração do crédito, o banco tem conseguido ampliar o ganho nos empréstimos captando recursos com taxas competitivas e emprestando com juros maiores. A chamada margem financeira, que mede essa diferença, saltou 14,5% --para R$ 12,281 bilhões.
As receitas de serviços chegaram a R$ 5,7 bilhões no trimestre. O volume é 5,8% superior ao trimestre anterior e 11,6% maior do que no mesmo período de 2013.
Segundo Nachbar, o aumento da receita com serviços decorre mais da oferta de novos produtos para os clientes do que do reajuste nos preços das tarifas. "A concorrência impede um reajuste elevado", disse.
Mais uma vez, o destaque de crescimento do Bradesco foi o crédito imobiliário, que atingiu R$ 16,7 bilhões.