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Look do Dia
Empresárias apostam na 'humanização' de animais e criam roupas sob medida e acessórios de luxo para eles
A morte de Simba, um viralata de 16 anos, e o vazio que a seguiu foram inspiração para que a advogada Renata Tormin, 32, decidisse trabalhar cercada de cães. Com um investimento de R$ 300 mil, abriu a DogLover Boutique em agosto deste ano com a mãe e a tia.
Localizada na região dos Jardins, em São Paulo, é especializada em moda sob medida e customizada para cada cachorro. A loja também tem uma coleção própria com 40 modelos. Os preços vão de R$ 149 a R$ 249.
De acordo com Luiz Goes, sócio sênior da consultoria de varejo GS&MD, esse tipo de negócio é resultado da tendência de humanização dos mascotes. "Quem vê o cachorro como um humano tende a gastar mais e é sensível a propostas de roupa a rigor e festa", diz.
Segundo estudo feito pela consultoria no ano passado com 2.730 pessoas, 36% dos donos de cães e 37% dos que têm gatos dizem ver os mascotes como filhos.
"Damos opções para a dona combinar com o estilo dela ou do cachorro. Tem a linha de glam rock' para os invocados", diz a empresária, em referência ao estilo adotado por David Bowie na década de 1970.
Entre as opções de tecido estão cetim, tafetá, casimira, tricolini, chiffon, sarja, jeans e couro. "Nossa linha de festa tem modelos para noivas e damas de honra", diz Tormin.
O estudo da GS&MD apontou que o mercado de animais de estimação faturou R$ 14,39 bilhões no país em 2013, sem contar a venda de mascotes. Trata-se de um crescimento de 7,5% em relação a 2012.
PEQUENA MAIORIA
Um levantamento do Instituto Pet Brasil aponta que há 97 megalojas para animais de estimação no país, que faturam mais de R$ 750 mil por mês. Estabelecimentos de pequeno porte, que faturam de R$ 60 mil a R$ 100 mil, chegam a 28,9 mil e são maioria.
Betina Moreira, 45, conta que em 2013 investiu R$ 200 mil no primeiro quiosque da Manuka, que possui uma linha própria de itens do universo de animais de estimação --uma coleira de nylon e tecido sai por R$ 130.
A previsão era pagar o investimento, feito no shopping Market Place, em São Paulo, em dois anos, mas as contas fecharam em nove meses.
A ideia para a loja veio de uma necessidade dela."Não comprava nada para a Manuela [nome da cachorra que inspirou a marca] no Brasil. Cheguei a pagar 350 euros [R$ 1.086 em valores atuais] por uma coleira na Suíça", diz.
Ela começou a desenvolver uma linha própria em 2009. "As roupas são feitas numa confecção de roupas para bebês. Se não os machuca, não machuca o cachorro", diz.
No começo, ela tentou vender os itens em petshops, que concentram 51% do mercado de animais de estimação no país. "Era como tentar vender uma calça Diesel na C&A", diz. Daí veio a ideia de montar a loja própria.
Neste ano, investiu R$ 180 mil numa segunda unidade, no shopping Villa Lobos. Como o varejo está em baixa prevê quitar o investimento em dois anos.