Reajuste trará R$ 5,5 bi extras à Petrobras
Maior parte da receita --cerca de R$ 4,25 bi-- será gerada pela venda de diesel, segundo técnicos do governo
Fluxo deve ajudar empresa a compensar rombo com meses de defasagem; estatal pede altas maiores em 2015
Apesar de "simbólico", o aumento da gasolina e do diesel deve gerar uma receita anualizada à Petrobras de cerca de R$ 5,5 bilhões, equivalente a 25% do lucro que a estatal registrou em 2013.
Na quinta (6), depois de autorizada pelo governo, a petroleira anunciou um reajuste de 3% para gasolina e de 5% para o diesel.
Segundo técnicos do governo, a maior parte da receita adicional será gerada pela venda de diesel, cerca de R$ 4,250 bilhões do estimado a partir da decisão de reajustar os combustíveis em 2014.
A estatal comercializa cerca de 55 bilhões de litros de diesel por ano, acima da venda de gasolina, em torno de de 31,6 bilhões de litros anuais. A receita extra anualizada com o aumento da gasolina é de R$ 1,250 bilhão num período de um ano.
Os cálculos foram feitos levando em conta um preço médio da gasolina e do diesel comercializados pela Petrobras nas refinarias.
O aumento da gasolina foi considerado "simbólico" dentro do governo, mas suficiente para zerar qualquer tipo de defasagem entre o preço praticado dentro do Brasil e no mercado internacional.
Nas últimas semanas, a queda no valor do barril de petróleo, que recuou de mais de US$ 100 para cerca de US$ 80, acabou com --ou reduziu fortemente-- a diferença entre o preço dos combustíveis aqui e o do mercado mundial.
Nos últimos dias, com a subida do dólar, a gasolina vendida no Brasil voltou a ter uma pequena defasagem, na casa de 3%. O dólar fechou ontem na casa de R$ 2,56. Com o dólar valendo R$ 2,50, a gasolina aqui estava mais cara que lá fora.
No caso do diesel, o reajuste não pode ser considerado simbólico. O aumento de 5% concedido pela Petrobras, diante do grande volume comercializado do produto, é considerado satisfatório. Não há, também, grande defasagem em relação ao preço no mercado internacional.
Segundo a Folha apurou, a expectativa do governo é ter uma política de preços mais realista no próximo ano. Isso não significa que haverá um repasse automático das oscilações de preços internacionais para a Petrobras, algo que sempre foi rejeitado pela presidente Dilma Rousseff.
A Petrobras defende aumentos maiores em 2015, para compensar as perdas (estimadas em R$ 60 bilhões) que teve nos últimos anos com a defasagem de preços.
Essa compensação é importante, segundo a estatal, para financiar seu elevado plano de investimento, considerado fundamental pelo governo para recuperar o crescimento da economia brasileira em 2015.