Trabalho nos EUA mantém alta moderada
Desemprego recua em outubro ao nível mais baixo desde junho de 2008, mas geração de vagas decepciona
Renda também não se recupera; banco central dos EUA observa emprego para definir alta de juros
O mercado de trabalho norte-americano continua dando sinais de melhora, ainda que moderados.
De acordo com dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta sexta-feira (7), a taxa de desemprego nos Estados Unidos voltou a cair em outubro e chegou a 5,8%, ante 5,9% em setembro.
O nível é o mais baixo registrado desde junho de 2008.
A geração de vagas no mês passado, no entanto, ficou abaixo do que havia sido previsto pelo mercado.
Foram criados 214 mil postos (a estimativa era de que seriam 235 mil), com o crescimento puxado pelos setores de alimentação e bebidas, varejo e saúde.
Ainda assim, os números de outubro marcam o nono mês consecutivo em que foram criadas de 200 mil vagas, a melhor sequência de saldo positivo desde 1995.
A taxa de participação na força de trabalho teve ligeira alta, ao passar de 62,7% em setembro (número mais baixo desde 1978) para 62,8% no mês passado --muito abaixo, porém, dos 66% registrados antes da crise.
Os dados mostram uma melhora gradual no mercado de trabalho, em linha com a avaliação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
Em sua mais recente reunião, a autoridade monetária americana apontou ganhos sólidos na criação de vagas de emprego e um índice de desemprego mais baixo.
O avanço foi uma das razões para o término, no fim de outubro, do programa de compra de ativos pelo BC dos EUA, com o objetivo de injetar recursos no mercado e assim estimular a economia.
RENDA AINDA PATINA
O cenário mais positivo para o emprego, porém, ainda não se reflete em um crescimento na renda dos trabalhadores, segundo os dados.
O ganho médio dos trabalhadores teve alta de apenas três centavos em outubro, para US$ 24,57 por hora.
Na comparação com outubro de 2013, isso significa que a renda média avançou 2%.
"É preocupante que, apesar da melhora no mercado de trabalho, a pesquisa ainda não mostre muita aceleração no crescimento da renda", afirma a consultoria Conference Board.
O mercado observará atentamente os dados de emprego e renda nos próximos meses na tentativa de antecipar quando o Fed iniciará um novo ciclo de elevação dos juros básicos da economia norte-americana --perto de zero desde 2008.
A expectativa é que a alta aconteça na primeira metade de 2015.
"A queda contínua no índice de desemprego aumenta as chances de assistirmos, na primeira metade de 2015, à taxa atingir seu patamar natural e à primeira alta dos juros pelo Fed", analisa a Conference Board.
Os dados de setembro foram revisados, como costuma acontecer regularmente, e a criação de vagas no mês ficou em 256 mil, em comparação com as 248 mil divulgadas anteriormente.
A revisão mostrou ainda que a geração de postos em agosto foi de 203 mil, ante um número anterior de 180 mil.