Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Preço do frango deve subir até o fim do ano
A carne de frango começa a recuperar preços neste mês no atacado, com alta superior à bovina e à suína. Apesar desse aumento, a carne de frango perde em muito para as demais nas últimas semanas, quando se comparam os reajustes de cada uma.
Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indica que a defasagem da carne de frango, em relação à de frango e à bovina, é a maior desde 2004, quando o órgão iniciou essa comparação.
A carne suína vale 98% mais do que a de frango, quando comparados os preços no atacado. A carne bovina supera em 150% a de ave.
Para mostrar que a carne de frango teve reajuste bem menor do que as demais, o Cepea tomou como base os preços no atacado no final de setembro. Dessa data até terça-feira (11), as carnes bovina e suína subiram 16%. A de frango, apenas 4%.
Francisco Turra, da Abpa (associação de produtores e exportadores de carnes de frango e suína), diz que esse descasamento se deve mais a uma questão de quantidade do que a outros fatores.
Demandas interna e externa existem para todos as carnes, mas a rapidez com que o setor consegue repor a produção de frango permite um abastecimento melhor.
"A produção de frango é mais flexível. Uma redução de oferta pode ser recomposta em poucas semanas. Se faltar carne suína, a oferta só volta a se regularizar em dez meses", diz Turra.
Ele acredita, no entanto, que este final de ano voltará a ser mais favorável para o frango. Devido ao intenso aumento de preços das proteínas, poderá haver uma redução na procura interna. O frango ganhará mercado devido ao menor preço, diz ele.
O grande propulsor desse aumento de preços das carnes foram as demandas externa, principalmente a vinda da Rússia, e interna. Com isso, a carne bovina atingiu o valor histórico de R$ 145 por arroba nesta quarta-feira (12) em São Paulo, segundo a Informa Economics FNP.
A carne suína está em R$ 100 por arroba; e a de ave, após ter atingido R$ 2,80, caiu para R$ 2,70 por quilo.
É um bom ano para as proteínas, avalia Turra. A produção de carne de frango atingirá 12,7 milhões de toneladas; a bovina, 9 milhões, e a suína, 3,5 milhões.
DE OLHO NO PREÇO
cotações
Chicago
Milho
(US$ por bushel)3,78
Soja
(US$ por bushel)10,48
Nova York
Açúcar
(cent. de US$)*16,36
Suco de laranja
(cent. de US$)*126,85
- por libra peso
Baixo carbono Nesta safra 2014/15, o plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) liberou R$ 1 bilhão de crédito para os produtores. Só em outubro, foram R$ 361 milhões. Desde o início do plano, os produtores tomaram crédito de R$ 8,1 bilhões, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Área comprometida O atraso no plantio da soja neste ano, devido à estiagem, deverá reduzir a área da segunda safra de milho a ser semeada pelos produtores mato-grossenses.
Janela ideal A demora no plantio da oleaginosa faz com que o produtor perca o momento ideal para o plantio de milho. A Aprosoja (entidade que congrega produtores em MT) prevê que, em algumas áreas, a redução do plantio vá atingir 40% em relação à intenção inicial.
Como está Apenas 76% da área que será destinada à soja em Mato Grosso já foi semeada. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 86%, segundo a entidade.
Bom na França Já os produtores franceses comemoram a boa produtividade de milho que vão obter nesta safra. A produção do país deverá atingir 17 milhões de toneladas, 15% mais do que na anterior.
Oferta maior Uma produção maior de milho na Europa diminui ainda mais as perspectivas de exportações dos países sul-americanos --entre eles o Brasil-- para aquele continente.