Para estimular PIB, China corta taxa de juros
Desaceleração do gigante asiático faz BC local surpreender com 1ª redução em 2 anos
O Banco Central chinês anunciou de surpresa um corte nas taxas de juros, o primeiro do país em dois anos.
É o mais claro sinal até agora de que as autoridades econômicas estão cada vez mais preocupadas com o ritmo da desaceleração na China.
A taxa de depósito de um ano foi reduzida de 3% para 2,75% e a de empréstimos de 6% para 5,6%.
Ao mesmo tempo, o BC deu mais autonomia aos bancos para determinarem os juros que pagam sobre os depósitos, permitindo que ofereçam remuneração de até 120% da taxa de referência, ante os 110% anteriores.
Os líderes chineses vem se recusando a adotar medidas de estímulo, já que as autoridades se esforçam para implementar um pacote de reformas financeiras anunciado pelo presidente Xi Jinping.
A mensagem do governo é que a China está disposta a tolerar um crescimento mais lento para ter um desenvolvimento mais sustentável.
Os líderes do país temem ampliar os níveis já exagerados de dívida das empresas e dos governos locais, resultantes de anos de crédito fácil e barato, que ajudaram o país a evitar o pior da crise financeira global em 2009, mas agravou o risco de uma onda de maus empréstimos.
O corte de juros desta sexta (21) parece demonstrar que o ritmo da desaceleração se intensificou a um ponto considerado desconfortável.
A China divulgou no mês passado que o PIB (Produto Interno Bruto) se expandiu em 7,3% no terceiro trimestre, ante o mesmo período em 2013. É o ritmo mais lento desde o pior momento da crise financeira mundial em 2009.
O gigante asiático deve registrar o crescimento mais lento em uma década.
Analistas dizem que os cortes de juros pelo banco central, embora inesperados, teriam efeito apenas modesto sobre o crescimento econômico geral da China.
Mais imediatamente, de acordo com analistas, o efeito seria tornar os financiamentos um pouco mais baratos para as grandes empresas estatais, que tendem a ter acesso mais fácil a empréstimos com o setor bancário controlado pelo governo.
"O principal efeito será melhorar a posição financeira das grandes empresas", escreveu Mark Williams, economista chefe da Capital Economics para a Ásia.