Escolha de nova equipe faz Bolsa subir 5%
Avanço foi o maior desde agosto de 2011 e leva Bovespa a ter a melhor semana em mais de cinco anos
Repercussão positiva é um sinal de aposta dos investidores no resgate da credibilidade do governo, dizem analistas
O principal índice da Bolsa brasileira subiu 5% nesta sexta-feira (21) e fechou sua melhor semana em mais de cinco anos, após reportagem da Folha mostrar que a presidente Dilma convidou Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda e Nelson Barbosa como titular do Planejamento. O dólar voltou para a casa de R$ 2,51.
Analistas e economistas disseram que essa composição traz nomes mais próximos ao mercado e que a repercussão positiva é um sinal de aposta dos investidores no resgate da credibilidade do governo. O anúncio oficial da nova equipe econômica era esperado para esta sexta-feira, mas não ocorreu.
O Ibovespa subiu 5,02%, para 56.084 pontos. Foi a maior alta diária desde 9 de agosto de 2011, quando avançou 5,10%. O volume financeiro foi de R$ 12,359 bilhões, acima da média diária em novembro, de R$ 6,471 bilhões. Na semana, houve ganho de 8,33%, melhor desempenho semanal desde o período entre 4 e 8 de maio de 2009.
As ações de estatais se destacaram entre os maiores ganhos. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras avançaram 11,89%, a R$ 14,30. A ação preferencial da Eletrobras subiu 5,07% e o Banco do Brasil, 8,32%.
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 2,08%, a R$ 2,519 na venda --maior queda diária desde 6 de outubro.
Na semana, houve baixa de 3,1% --maior queda desde o período entre 16 e 20 de setembro de 2013. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,90% no dia e 3% na semana, a R$ 2,522.
AVALIAÇÕES
"Com um time desse, vão acabar as margens de especulação de que quem manda na política econômica é a Dilma. São pessoas respeitadas pelo mercado, com uma política mais ortodoxa", disse João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.
Para o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora, os investidores têm perspectiva de um ministro da Fazenda mais autônomo.
"[A alta da Bolsa] é uma forma de o mercado dar voto de confiança para Levy exercer um trabalho com autonomia", afirmou.
A passagem de Levy pelo Bradesco, disse Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho, é outro ponto que agrada aos investidores.
"Se confirmado, ele deve adotar política fiscal com ajustes transparentes. Não existe mágica: se o governo gastou demais, tem que arrumar dinheiro de algum lado", afirmou.
Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, diz que Levy "tem uma boa imagem" com o mercado. "Por isso, é possível haver mudança na tendência da Bolsa para cima."