Após críticas internas, líderes do PT saem em defesa de Joaquim Levy
Ex-secretário do Tesouro convidado por Dilma para a Fazenda provoca disputa entre petistas
Defensores dizem que presidente é que dará a palavra final na política econômica; proximidade com tucanos é criticada
A disputa em torno do convite para Joaquim Levy assumir o Ministério da Fazenda ganhou novas trincheiras nesta segunda-feira. De um lado, líderes do partido fizeram elogios públicos ao escolhido e destacaram que Dilma tem a palavra final sobre a política econômica.
De outro, críticos da escolha mantêm, reservadamente, as queixas de que Levy tem perfil liberal e pode implementar o arrocho condenado pela petista.
O ex-secretário do Tesouro foi aluno de Armínio Fraga e chegou a fazer sugestões à campanha tucana nas eleições (leia mais na pág. B3).
Na sexta-feira (21), Dilma convidou, além de Joaquim Levy, Alexandre Tombini para permanecer no BC e Nelson Barbosa para o Planejamento, mas adiou a divulgação oficial para esta semana.
O adiamento foi visto como um sinal de indefinição, mas até mesmo petistas contrários à nomeação já dão a escolha como certa.
A Folha apurou que a principal resistência a Levy parte das alas mais à esquerda no PT e da corrente Mensagem, segunda maior força interna e que tem o governador Tarso Genro (RS) e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) como principais expoentes.
O temor é que Levy traga de volta o aperto nas contas públicas do início do primeiro mandato de Lula. Na época, Levy era secretário do Tesouro na equipe comandada por Antonio Palocci (Fazenda). Hoje Levy é diretor-superintendente da Bradesco Asset Management.
"Estão tentando disseminar um ambiente de mal-estar entre" Levy e o PT, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
Para ele, Levy "será guardião do modelo de desenvolvimento para o Brasil que, já largamente experimentado, mostrou que dá certo."
Acrescentou que, diante do processo de fritura, quer "fazer parte daqueles que preferem colocar água na fervura".
Vice-presidente do PT, o deputado José Guimarães (CE) disse que, se confirmado, Levy irá tocar o programa definido por Dilma. "Independentemente do nome, é o programa que será executado."
"O Joaquim Levy é mais completo: não é banqueiro, é do mundo da economia e tem contato com a vida real", disse o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC).
Governador eleito de Minas Gerais, o ex-ministro Fernando Pimentel (PT) defendeu Levy: "Não tenho nenhum reparo a fazer".