Deficit do Brasil com o exterior chega a US$ 8,1 bi em outubro
Pela terceira vez consecutiva, resultado de transações de bens e serviços é a pior para o mês
Balança comercial puxou dado negativo; remessas de lucros de empresas ao país ficou abaixo da expectativa
A queda nas exportações levou o Brasil a registrar, em outubro, o maior deficit nas suas transações de bens e serviços com o exterior para o mês. Foi o terceiro mês seguido que isso ocorreu, e a previsão do Banco Central é que novembro repita essa marca.
Os gastos brasileiros superaram as receitas em moeda estrangeira em US$ 8,1 bilhões em outubro. O BC esperava um número menor (US$ 6,6 bilhões) e disse ter sido surpreendido pela piora na balança comercial no fim do mês passado.
Para novembro, a instituição projeta deficit de US$ 8 bilhões. O resultado deverá ser influenciado novamente pelo resultado da balança. Até domingo (23), as exportações superavam as importações em US$ 2,3 bilhões.
O BC esperava que o resultado das contas externas apresentasse melhora neste ano em relação a 2013, com redução do deficit tanto em valores nominais como na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto).
Com isso, o Brasil entraria em um período de turbulências no mercado internacional de câmbio, como resultado das mudanças em curso na política monetária dos Estados Unidos, com uma situação melhor em relação a sua vulnerabilidade externa.
Até agosto, o resultado acumulado das contas externas no ano apresentava queda. Ou seja, esse cenário vinha se confirmando. A partir de setembro, no entanto, a balança comercial entrou no vermelho e pressionou a piora nos dados gerais.
O BC também esperava melhora na conta de lucros e dividendos. Segundo a instituição, o crescimento menor da economia brasileira neste ano ajudou a reduzir as remessas para outros países.
O problema é que o envio de lucros para o Brasil caiu ainda mais, o que elevou o saldo final dessas despesas, ao contrário do esperado.
Na comparação com o PIB, o deficit externo acumulado em 12 meses chegou a 3,73%, maior patamar desde fevereiro de 2002 (3,94% do PIB).
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que o resultado negativo continua a ser coberto, em sua maior parte, pela entrada de recursos estrangeiros destinados ao setor produtivo, o Investimento Estrangeiro Direto, que cresceu 4% entre janeiro e outubro, para US$ 51,2 bilhões.
"Temos um quadro de financiamento que se mantém em condições favoráveis. A maior parte segue sendo IED, que é a melhor forma, significa ingresso de recursos que tendem a gerar mais produção, mais renda e mais impostos", afirmou Maciel.
Ele disse ainda que empresas e governo não encontram problemas para renovar empréstimos no exterior e que os dados até novembro mostram aumento do crédito em moeda estrangeira.