Manobra causa bate-boca no Congresso
A discussão sobre a manobra fiscal proposta pelo governo Dilma Rousseff provocou nesta terça-feira (26) um dos embates mais agressivos já presenciados no plenário do Congresso Nacional.
A cena foi protagonizada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
O tumulto começou quando a oposição pressionava Renan para encerrar a sessão por falta de quórum.
Aliado do Palácio do Planalto, o peemedebista agia para segurar a votação sobre a mudança na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que é considerada prioridade zero para o governo.
A manobra de Renan, que durou cerca de uma hora e meia e não teve sucesso, irritou a oposição. Vários líderes oposicionistas se revezaram nos microfones para criticar o senador.
O líder do DEM subiu à tribuna, começou a discursar e aos gritos cobrou respeito à oposição, dizendo que não estava no Congresso para se vender e se entregar.
O presidente do Senado reagiu: "Pode tudo aqui, só não pode ficar aí, da tribuna, gritando".
VERGONHA
O líder do DEM subiu o tom. "Vossa Excelência está desmoralizando o Congresso. Vossa Excelência é uma vergonha para esta Casa", gritou Mendonça Filho.
"Vossa Excelência venha me tirar daqui, da tribuna, venha me tirar! Está pensando que vai mandar em mim do jeito que manda como manda no Estado de Alagoas?"
Renan cortou o som do microfone, o que gerou mais reclamações veementes de Mendonça Filho.
O líder do DEM acabou deixando a tribuna e cercou o pemedebista, que estava sentado na cadeira da presidência do Congresso.
O deputado chegou a afastar o microfone de Renan e, com o dedo em riste, gritou para o peemedebista: "Me respeite, me respeite!".
Do plenário, vários oposicionistas reforçaram os ataques ao presidente do Senado. "Não vai calar ninguém aqui", disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
Após o episódio, ainda na sessão, Renan chegou a pedir desculpas e minimizou o embate.
"Esses excessos, de lado a lado, são coisas que a gente não podem levar muito em consideração", afirmou.