Bolsa sobe com exterior mais 'tranquilo'
Ibovespa tem alta de 3,6%, e volume negociado com ações do índice alcança R$ 44,9 bi e bate recorde histórico
Ações da Petrobras têm segundo dia seguido de elevação; dólar cai 1,3% e fecha cotado em R$ 2,70
Depois de três quedas seguidas, a Bolsa brasileira viu seu principal índice fechar no azul, ajudada pela trégua na aversão ao risco no exterior.
O Ibovespa subiu 3,63%, para 48.713 pontos nesta quarta-feira (17), favorecido também pelo vencimento de opções sobre índice e índice futuro (quando termina o prazo de contratos que apostam na pontuação de indicadores). O volume financeiro negociado com ações do Ibovespa bateu recorde histórico, alcançando R$ 44,9 bilhões.
"Em dias de vencimento de opções desse tipo, há muita operação que envolve ações do Ibovespa. Os operadores têm que comprar papéis e zerar suas posições nas últimas três horas do pregão, o que empurra para cima as cotações", diz Fabio Gaudino, trader da Guide Investimentos.
Segundo o analista, o ambiente mais favorável colaborou para o ânimo da Bolsa. "A aprovação da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e o comprometimento do próximo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com uma política econômica mais firme foram vistos com bons olhos pelos investidores", afirmou.
O analista Fernando Góes, da Clear Corretora, complementa: "Duas coisas explicam [a alta da Bolsa]. Primeiro, o pânico anterior. Sempre tem um certo exagero emocional em cenário de aversão ao risco generalizada. Isso faz surgir oportunidades para quem está do lado de fora do mercado. Segundo é a percepção de que há um novo patamar para o dólar, o que ajuda os papéis de empresas que têm alguma correlação com a moeda americana".
CÂMBIO
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 1,32%, cotado em R$ 2,700. O dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 1,24%, para R$ 2,701. A moeda americana chegou a bater R$ 2,75 durante a manhã, mas o fortalecimento do rublo russo se refletiu na divisa brasileira.
O ministério russo de Finanças anunciou que venderá reservas para apoiar o rublo (leia texto abaixo). Apenas na segunda-feira a moeda perdeu 9,6% sobre o dólar. Na terça, caiu mais 8,6%.
Papéis da Petrobras subiram, mesmo após declaração da presidente da estatal, Graça Foster, de que o balanço da empresa pode não trazer informações confiáveis sobre descontos feitos no patrimônio atribuídos à corrupção (leia no caderno "Poder").
As ações preferenciais, mais negociadas, ganharam 2,99%, para R$ 9,66 cada uma, enquanto as ordinárias, com direito a voto, avançaram 3,91%, para R$ 9,04.
No setor financeiro --de maior peso no Ibovespa--, fecharam no azul Itaú Unibanco (+5,05%), Banco do Brasil (+7,86%) e Bradesco (+4,9%).
No exterior, as Bolsas dos EUA subiram. As declarações do Federal Reserve (banco central americano) de que não deve apressar a elevação dos juros americanos animou os investidores.
O índice S&P 500, que reúne as ações das 500 principais companhias listadas nos Estados Unidos, teve seu melhor dia desde outubro de 2013, ao avançar 2,04%.
Um aperto monetário é esperado para meados de 2015, segundo analistas.