O que fazer com ações da Petrobras
Analistas dão sugestões sobre como reduzir o prejuízo com os papéis em meio à queda vertiginosa do valor na Bolsa
A queda vertiginosa das ações da Petrobras --60% desde o pico no ano-- deixou investidores em alerta e no ar a pergunta: ficou tão conturbado o cenário que devo vender os papéis ao preço que for e me desfazer do negócio?
Um dos elementos usados por analistas para tentar responder a essa questão é a relação entre o preço investido na ação e o dividendo que a empresa paga. A lógica por trás dessa conta é saber se vale, ao acionista, segurar o papel de olho nos proventos que a companhia tradicionalmente distribui.
Segundo os cálculos de Rafael Paschoarelli, da Comdinheiro, a relação ficou mais positiva neste ano. O retorno sobre dividendo subiu de 3,8% no ano passado para quase 6% em abril, quando a Petrobras pagou dividendos e juros sobre capital próprio.
Paschoarelli alerta, porém, para o fato de que a relação acabou mais vantajosa por um efeito perverso: não foram os proventos que subiram, mas os preços dos papéis que caíram. Quem comprou ação da Petrobras neste ano leva vantagem em relação a quem está com os papéis na carteira há mais tempo.
Segundo a BM&FBovespa, a Petrobras tinha 278 mil investidores pessoas físicas em abril (último mês do pagamento de dividendos).
Uma das maneiras que o investidor mais antigo da Petrobras tem de melhorar essa relação é baixar o preço médio de seu investimento.
Se ele comprou ações da Petrobras quando o papel estava a R$ 50 (em 2008), pode baixar essa relação comprando mais ações ao preço atual (mais baixo), o que fará com que, na média, o valor investido fique menor. Com o preço mais baixo, o retorno proporcionado pelo dividendo será maior.
OPÇÕES
O consultor de finanças pessoais Mauro Calil sugere duas alternativas para quem quer baixar o preço médio de seu investimento em Petrobras, mas não deseja aumentar seus gastos. A primeira é vender opções de ações de Petrobras no mercado futuro a valor mais alto que o de hoje --ele recebe um valor, chamado de prêmio, para realizar a operação de venda de opção.
A opção é o direito de comprar ou vender um ativo no futuro por um determinado preço no futuro. Ela tem data de vencimento para ser liquidada. Se, no caso, o investidor vende opção de ações de Petrobras a preço maior que o de hoje, mas o papel não sobe, ele fica com o prêmio. E pode usar o dinheiro para comprar novas ações da Petrobras e baixar o preço médio.
Se, por outro lado, o papel subir, ele perderá na operação de opção. Mas, como ganhou com a valorização das ações que tinha em sua carteira, ele terá baixado seu preço médio de Petrobras.
Calil afirma ainda que o investidor pode vender opções e, em vez de comprar mais papéis da estatal, pode mudar de investimento, fazendo uma saída progressiva.
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
Uma sugestão do consultor são fundos imobiliários que estejam atrelados a imóveis que pagam aluguéis e rendem ao redor de 0,6% ao mês: "Esse ativo rende um aluguel todo mês e, no fim, pode acabar rendendo mais do que um dividendo da Petrobras".
Embora a relação dividendos x preço do papel tenha ficado mais vantajosa, analistas estão preocupados com a possibilidade de a Petrobras não conseguir pagar os proventos em 2015. A investigação de corrupção pode reduzir o patrimônio da empresa, que, muito endividada, poderia acabar com prejuízo.
A recomendação de analistas é que o pequeno investidor que não tenha ações da empresa fique longe dos papéis, mesmo que eles estejam chegando a preços atraentes.
"Nada está tão barato que não possa ficar mais barato. A Petrobras tem feito bastante lição de casa, reduzindo custos, acelerando projetos, exportando mais e importando menos, mas não é o suficiente. Não é hora de entrar. Mas quem tem ação tem que manter", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.