BC diz que fará 'o necessário' para conter preços
O Banco Central se comprometeu formalmente a reconduzir a inflação à meta oficial dentro de dois anos, mas os custos que calcula para a tarefa estão abaixo dos estimados pelo mercado.
Em seu relatório trimestral sobre a inflação, divulgado nesta terça-feira (23), a instituição afirmou que "irá fazer o que for necessário para que no próximo ano a inflação entre em longo período de declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016"³.
Trata-se de uma inovação nos documentos editados na gestão de Alexandre Tombini --que desde 2011 prevê a queda futura dos índices de preços, mas sem prometer a ação do BC para buscar o objetivo no prazo determinado.
Além disso, foi suprimida a defesa de "parcimônia" na elevação dos juros, que constava de textos anteriores.
O BC continua, entretanto, mais otimista que a maioria dos analistas e investidores quanto ao comportamento futuro do IPCA --índice que é referência para a política monetária.
Segundo suas projeções, a inflação ficará em 6% em 2015 e 4,9% em 2016, considerando a alta dos juros dos atuais 11,75% anuais para os 12,5% esperados pelo mercado.
Para bancos e consultorias, o IPCA deve ser de 6,54% no próximo ano --acima do teto legal de 6,5%-- e 5,7% em 2015.
Ao longo do governo Dilma, a inflação tem superado as estimativas iniciais tanto do BC como do mercado, embora o segundo erre por margem menor.
Qualquer que seja o cenário considerado, as estimativas sugerem que o BC terá de promover um aumento de sua taxa, a Selic, acima das previsões atuais.
O diretor de Política Monetária da instituição, Carlos Hamilton Araújo, saiu pela tangente ao ser confrontado com o raciocínio. "Para onde a Selic vai, eu não sei."
Com a orientação de ajustes econômicos no segundo mandato de Dilma, o BC procura criar a expectativa de uma atuação mais enérgica para conter a alta dos preços. Os juros voltaram a subir e estão em estudo corte de gastos e elevação de impostos.
O BC reduziu para 0,2% sua projeção para o crescimento do PIB neste ano. A estimativa anterior, de 0,7%, já não tinha credibilidade nem no governo.