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Bancos públicos devem socorrer elétricas
Auxílio de R$ 2,5 bi é negociado após equipe econômica destacar importância de acabar com ajuda estatal a certos setores
Para dar aval a crédito, Fazenda exige do setor solução final para a crise, que já consumiu R$ 20 bilhões
Três bancos estatais --Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES-- serão usados para saldar o rombo bilionário do setor elétrico de 2014.
A informação é do ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) e de Reive Barros, diretor da Aneel (Agência Nacional de energia Elétrica).
O socorro de R$ 2,5 bilhões foi discutido nesta quarta (7) com o ministro Joaquim Levy (Fazenda). Ele disse que a operação ainda não está fechada.
Para que seja batido martelo sobre o empréstimo, a Fazenda quer que a área de energia do governo apresente uma solução final, "estrutural", para as empresas do setor. A ideia é resolver de uma só vez as pendências.
"O empréstimo é uma das melhores soluções no curto prazo, porque poderá dar tempo para que se crie uma solução definitiva", disse Braga.
"A Fazenda diz que, para poder avaliar a opção do empréstimo, é preciso ter uma proposta estruturada [de curto, médio e longo prazo]."
O tema voltou a ser tratado pelo governo poucos dias depois de a nova equipe econômica destacar a importância de acabar com a ajuda estatal a determinados setores.
Apesar de não estar usando verba do Tesouro, o que iria contra a promessa de corte de gastos, o governo pôs os bancos públicos num negócio visto com restrições pelos privados, por causa dos riscos.
Se o governo não entrasse no negócio, as opções seriam um reajuste extra das tarifas ou deixar as distribuidoras dar um calote nas geradoras.
"Dentro do realismo tarifário, está evidente a necessidade. E a gente certamente vai tentar encontrar um encaminhamento", disse Levy.
O valor é necessário para as empresas saldarem contas em aberto referentes a novembro e dezembro, que vencem nos dois primeiros meses de 2015.
A falta de capacidade dessas elétricas em pagar suas contas mensais se tornou um problema há um ano.
Por causa da seca, do alto preço e da necessidade mensal de contratações de energia extra para atender à demanda, essas empresas já receberam injeção do Tesouro e dois empréstimos bancários (de instituições públicas e privadas). Mesmo assim, R$ 20 bilhões depois, o problema não foi completamente resolvido.
Desde dezembro, as áreas técnicas do governo se debruçam sobre o assunto atrás de um remédio para o problema das distribuidoras que gere os menores efeitos colaterais.
Inicialmente, imaginou-se que o Tesouro poderia ajudar. Mas, em um momento de ajustes internos e dificuldade de caixa, essa opção começou a ser desconsiderada.
Tornou-se a pensar, então, num novo empréstimo bancário. Mas havia preocupação com o nível de interesse dessas instituições em entrar no negócio. Além disso, o alto preço que os bancos poderiam cobrar para aceitar o acordo foi visto como entrave.
Por esse motivo, técnicos desenharam a nova solução em que apenas os bancos públicos emprestem o dinheiro.