Slim vira maior acionista da dona do 'NYT'
Mexicano, 2º homem mais rico do mundo, passa a ter 16,8% da empresa, mas controle segue com família Ochs-Sulzberger
Empresário exerceu opção de comprar ações acordada em 2009, quando emprestou US$ 250 mi à companhia
O bilionário mexicano Carlos Slim, o segundo homem mais rico do mundo, tornou-se nesta quarta-feira (14) o maior acionista da New York Times Co., que edita o jornal "New York Times".
Slim, cuja fortuna é avaliada em US$ 73 bilhões, decidiu exercer opções para adquirir 15,9 milhões de ações do grupo, parte de um acordo feito em 2009.
À época, o empresário também fez um empréstimo de US$ 250 milhões para o grupo de mídia, que sofria com o declínio da publicidade em meio à crise econômica e tinha um empréstimo prestes a vencer.
Com a opção, a participação de Slim na empresa chega a 16,8% do total (27,8 milhões de ações), uma fatia avaliada em US$ 341 milhões de acordo com o fechamento do mercado ontem.
Pelos termos acordados com a NYT Co., o empresário poderia comprar as novas ações pelo preço de US$ 6,36 cada uma, pouco mais da metade do valor atual dos papéis --que fecharam esta quarta vendidos a US$ 12,28.
O lucro gerado pela diferença de preço, considerando essa diferença, é de cerca de US$ 95 milhões. Mas, de acordo com uma pessoa próxima às negociações, ouvida pela Bloomberg, o plano do empresário é manter as ações, e não vendê-las para obter lucro imediato.
A transação rendeu ao grupo NYT cerca de US$ 101 milhões, que serão utilizados, de acordo com comunicado divulgado pela companhia, para a recompra de ações do tipo A (as únicas negociadas em Bolsa) no mercado.
"Nós acreditamos que um programa de recompra de ações representa um uso apropriado do dinheiro que receberemos após o exercício de opções e a emissão de ações de Classe A", afirmou o presidente da NYT Co., Mark Thompson.
O fato de Slim ser, agora, o maior acionista não muda o controle da companhia. A família Ochs-Sulzberger, que controla o grupo, detém 90% das ações de Classe B, que não são negociadas no mercado, e 3,8% dos papéis de Classe A.
Os detentores das ações B elegem 70% do conselho da companhia.
BALANÇO MELHOR
Desde o empréstimo de Slim --pago em 2011--, a New York Co. melhorou seu balanço financeiro, fechando o ano de 2013 com lucro líquido de US$ 65,1 milhões.
O jornal também instituiu no período o chamado "paywall", sistema de cobrança pelo conteúdo na internet, e criou novos produtos digitais.
Entre as novidades recentes, está o "NYT Now", um aplicativo para smartphones que reúne as principais notícias do dia em versão resumida pelos editores do jornal. Segundo Mark Thompson, a ferramenta atraiu novos jovens usuários para a companhia.
No ano passado, no entanto, a companhia passou por um período de turbulência, com demissões na Redação e a saída abrupta da editora-executiva Jill Abramson, a primeira mulher a comandar o jornal, também demitida.