Brasil importou eletricidade da Argentina um dia após blecaute
Um dia depois do apagão que atingiu 11 Estados e o Distrito Federal, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) importou uma carga adicional de energia da Argentina para atender a demanda no horário de pico.
É a primeira vez que o Brasil compra energia da Argentina no governo Dilma.
Segundo o IPDO (Informativo Preliminar Diário de Operação), boletim feito pelo ONS, referente a terça (20), o país chegou a importar 998 MW no horário de pico --o suficiente para abastecer 2 milhões de pessoas--, registrado naquele dia às 14h48.
A transferência de energia entre os dois países ocorre por meio de contrato firmado em 2006. Há acordos do mesmo tipo com o Uruguai e o Paraguai. A energia da Argentina entra por meio de uma interligação em Garruchos (RS).
Em nota, o ONS explicou que o intercâmbio "vem sendo adotado em diversos momentos ao longo da vigência do acordo" entre os países.
As últimas vezes em que o país importou da Argentina, porém, foram em novembro e dezembro de 2010. Desde então, não houve transações de nenhum dos dois lados.
A operação chama a atenção porque, além de a Argentina viver atualmente um problema energético mais grave que o do Brasil, tanto o ONS quanto o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmaram, depois do apagão, que havia folga de energia no sistema brasileiro.
"Estão buscando alternativas para ampliar a oferta de energia, em vez de falar para a população economizar no consumo. Essa importação corrobora a hipótese de que o sistema não está com essa folga toda", disse o doutor em energia elétrica e professor titular da Universidade Federal de Itajubá (MG) José Wanderley Marangon.
A carga foi destinada especificamente ao sistema Sudeste/Centro-Oeste, que, tanto no dia do apagão quanto no dia seguinte, o da importação da carga argentina, não tem produzido energia suficiente para atender a sua demanda.