Agência S&P corta nota e Rússia perde grau de investimento
Avaliação de risco russa foi prejudicada por sanções econômicas e queda acentuada do preço do petróleo
Rublo despenca ante o dólar; país, à espera de recessão, é o primeiro entre os Brics a perder o lastro para investidores
A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou nesta segunda (26) a nota de crédito da Rússia para BB+, abaixo do grau de investimento --a chancela de que um mercado é seguro para receber investimento.
A S&P havia alertado no fim de dezembro para o fato de poderia retirar o grau de investimento da Rússia a partir de meados de janeiro.
Os riscos aumentaram em um cenário no qual a política monetária do país se deteriora rapidamente e a economia local se enfraquece, abalada pela queda dos preços do petróleo e com as sanções internacionais decorrentes do conflito com a Ucrânia.
Os mercados locais reagiram mal à notícia. O rublo, moeda russa, caiu mais de 6,5% em relação ao dólar, chegando a bater o recorde de baixa, quando fora cotado a 67,91 por dólar. A moeda fechou em baixa de 4,79%, vendida a 67,96 por dólar.
A Rússia é o primeiro país entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a perder o grau de investimento. O rebaixamento marca ainda a primeira vez em mais de dez anos que a dívida da Rússia perde esse lastro e recai no chamado "grau especulativo" (que indica alta probabilidade de calote).
A S&P diz esperar que a economia russa cresça 0,5% ao ano até 2017, bem abaixo da média de 2,4% dos últimos quatro anos.
A Moody's e a Fitch, outras agências de classificação de risco, avaliam a Rússia como Baa3 e BBB- respectivamente, os níveis mais baixos em suas respectivas escalas para grau de investimento.
CENÁRIO
O rebaixamento da avaliação de risco pode prejudicar não só a imagem da Rússia entre os investidores mas também elevar seus custos de financiamento, já que muitos fundos têm regras que os impedem de comprar títulos que não sejam classificados como grau de investimento.
A economia da Rússia deve entrar em recessão neste ano, pois as sanções do Ocidente por causa dos conflitos com a vizinha Ucrânia estimulam tanto a fuga de capitais quanto a inflação.
Além disso, uma queda duradoura dos preços do petróleo prejudica as receitas de exportação da Rússia, que tem o produto como um dos principais em sua pauta de exportação.