Desemprego recua em 2014, com menos gente à procura de vagas
Dados do 4º trimestre, no entanto, indicam que mercado de trabalho deve piorar neste ano
Emprego com carteira assinada cresceu 3,5% em 2014, mas, nos dois últimos trimestres, resultado foi negativo
A taxa de desemprego média de todo o país recuou em 2014 ante 2013, mas já sinalizou uma mudança de rota no último trimestre do ano.
De acordo com o IBGE, taxa de 2014 ficou em 6,8%, pouco abaixo dos 7,1% de 2013. No quarto trimestre, porém, o índice de 6,5% superou os 6,2% de igual período de 2013 --apesar de, por questões sazonais (vagas temporá- rias e economia travada nas duas últimas semanas de dezembro), ter recuado em comparação aos 6,8% do terceiro trimestre.
Os dados são da Pnad Contínua, pesquisa do instituto sobre mercado de trabalho de abrangência nacional divulgada nesta terça-feira (10).
Especialistas preveem que o desemprego cresça neste ano com o regresso de pessoas que deixaram de procurar trabalho em 2014, quando a renda familiar ainda crescia em ritmo mais acelerado e permitia uma maior seletividade na escolha de um novo trabalho.
A MB & Associados, por exemplo, prevê uma taxa de 7% no primeiro trimestre deste ano e uma média de 8% em 2015. "É normal em momentos de piora acentuada da economia como agora: a situação familiar de renda e emprego se complica, e mais pessoas saem em busca de emprego", diz Sérgio Vale, economista-chefe.
O ano passado foi marcado pela menor procura por emprego: a fatia de pessoas fora do mercado de trabalho subiu de 1,8%, em 2013, para 2,3%. A ocupação, por seu turno, cresceu 1,5%, ante 1,4% em 2013.
Na média de 2014, 1,3 milhão de vagas foi criado.
MAIS PROCURA
Para Cimar Azeredo Pereira, coordenador do IBGE, o incremento do emprego foi insuficiente para cobrir o crescimento vegetativo da população e, no quarto trimestre, já não absorveu uma procura um pouco maior por trabalho --que começou a ressurgir nos meses finais do ano.
O resultado é que no último trimestre o total de desempregados subiu 6,6% ante o mesmo período de 2013, e a taxa de desocupação aumentou.
Rafael Bascciotti, da Tendências Consultoria, diz que, no final de 2014, já se notou uma retomada da procura por emprego, o que tende a se intensificar em 2015 e puxar o desemprego --num contexto de dificuldade de obter reajustes reais com a inflação na casa de 7% e uma projeção de queda de 0,5% do PIB.
MENOS REGISTROS
A formalização do mercado de trabalho, um avanço nos últimos anos, sofreu um revés no último trimestre de 2014, com queda de 0,4% na comparação com o terceiro trimestre. Trata-se do segundo trimestre seguido em que o indicador se mostra negativo. Apesar do recente recuo, o emprego com carteira cresceu 3,5% em 2014.