Tarifaço
Conta da Eletropaulo sobe 40% em março
Agência aprova reajustes extraordinários para cobrir gastos do setor e aumento no valor da bandeira tarifária
Na média do país, luz ficará 32% mais cara; consumidores ainda terão reajustes anuais de cada distribuidora
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou nesta sexta (27) reajuste extraordinário sobre as distribuidoras de todo país e ainda um acréscimo para o sistema de bandeiras tarifárias.
O efeito prático para o consumidor é uma alta média, a partir da próxima segunda (2), de 32% na conta de luz.
Esse percentual considera tanto a média dos reajustes extraordinários no país (23,4%) quanto o efeito extra trazido pela aplicação da bandeira vermelha (8,5%), que vai valer durante todo o mês.
O reajuste extraordinário foi adotado a pedido das empresas para cobrir os gastos totais do setor elétrico, que neste ano não receberá ajuda do Tesouro Nacional para cobrir despesas como subsídio para a baixa renda e compra de combustível para as usinas térmicas, entre outras.
Já a bandeira tarifária, adotada neste ano, repassa mensalmente às contas o custo com a compra da energia de termelétricas, mais cara.
Apesar de a bandeira tarifária poder variar de mês para mês, é improvável, pelas condições climáticas e pela situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, que a cor da bandeira possa voltar a ser verde no curto prazo (sem acréscimos para o consumidor) ou amarela (que indica gastos acima do padrão, mas não exorbitantes).
A bandeira vermelha, que está em vigor, subiu de R$ 3 a cada 100 kWh consumidos para R$ 5,50 (alta de 83%).
MAIS REAJUSTE À FRENTE
De forma que a pressão sobre os preços da energia deve seguir pelos próximos meses. Ao longo do ano, ocorrerão ainda os reajustes ordinários das distribuidoras, que repassam os efeitos da inflação e os ganhos de produtividade das empresas.
Desconsiderando a bandeira tarifária, o aumento médio a ser aplicado sobre as tarifas, de forma permanente, será de 28,7% para Sul, Sudeste e Centro-Oeste e de 5,5% para Norte e Nordeste.
Para os clientes da Eletropaulo, que atende a cidade de São Paulo, o aumento extraordinário elevará as tarifas em 31,9%. Com a bandeira vermelha, a alta chega a 40,4%.
O maior reajuste será o concedido à AES Sul, de 48%.
A grande diferença entre os aumentos médios de uma região para outra se dá por dois motivos: o primeiro é a proteção legal do Norte/Nordeste.
A regra impede que haja uma divisão igualitária dos gastos anuais do setor elétrico, fazendo com que as duas regiões paguem menos.
Além disso, recaem sobre os consumidores do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste os custos da compra da energia de Itaipu, que subiram 46% a partir de janeiro. Como apenas essas regiões fazem uso dessa energia, só elas pagam por esses gastos maiores.
Das maiores distribuidoras do país, apenas a Ampla (RJ) não sofrerá aumento extra. Isso ocorre porque a empresa já tem agendado para o dia 15 seu processo regular de reajuste, quando então serão considerados todos os custos adicionais de uma só vez.