Governo chinês diminui meta de expansão do PIB para 'cerca de 7%'
Avanço é o 'necessário e o possível', diz premiê; país teve em 2014 menor crescimento em 24 anos
Desaceleração no ano passado do gigante asiático teve efeito no Brasil, com preço menor do minério de ferro
Depois de a economia registrar no ano passado o menor crescimento em mais de duas décadas, o governo chinês reduziu a sua meta de expansão do PIB em 2015 para "cerca de 7%".
"A meta leva em consideração o que é necessário e o que é possível", afirmou o premiê Li Keqiang, na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo.
"Se a economia chinesa conseguir crescer nesse ritmo por um tempo relativamente longo, nós vamos garantir uma fundação mais sólida para a modernização", disse o primeiro-ministro.
A meta anterior era de "cerca de 7,5%" e não foi atingida no ano passado, quando o PIB chinês teve alta de 7,4%, o menor avanço desde 1990.
A segunda maior economia global enfrenta o desafio de manter o ritmo de crescimento à medida que a sociedade vai ganhando uma classe média mais sólida. Ao mesmo tempo, o governo busca mudar seu modelo de crescimento, menos baseado nas exportações e no crédito barata e mais voltado para o aumento do consumo doméstico.
A meta de 7% também reflete a lenta recuperação da economia global, com cenário complicado para várias grandes economias --como o Japão e os membros da zona do euro. A aposta é que os EUA serão uma exceção em 2015, mas a economia americana também perdeu força no fim do ano passado.
A combinação de cenário externo turbulento e uma economia doméstica que não consegue crescer mais no mesmo ritmo tem levado o PIB chinês a se distanciar nos últimos anos do avanço de cerca de 10% obtido nas três últimas décadas --a expansão foi de 7,7% em 2012 e 2013.
BRASIL
A desaceleração chinesa tem efeitos claros na economia brasileira, como ficou nítido no ano passado.
Por exemplo, o preço médio da tonelada do minério de ferro vendida pelo Brasil para a China caiu 27% entre 2014 e 2013, refletindo a perda de ritmo do gigante asiático, que é o maior consumidor global da commodity.
O minério é segundo produto que o país mais vende para a China (maior comprador brasileiro), atrás da soja.