Protestos, ameaça de Levy e juros americanos levam dólar a R$ 3,25
Moeda sobe 6,6% na semana com instabilidade política no país e expectativa sobre os EUA
Bolsa cai 2,77% na semana e 2,82% no ano; investidores deixam ações e buscam refúgio no câmbio e nos juros
Após bater em R$ 3,28, o dólar fechou a R$ 3,25 nesta sexta-feira (13), dia tenso nos mercados financeiros com protestos no Brasil e a expectativa pela reunião do banco central dos EUA e seu parecer sobre os juros do país.
No Brasil, o dia foi marcado por manifestações e uma série de temores que vão desde um novo atraso no balanço financeiro da Petrobras até a ameaça de demissão do ministro Joaquim Levy (Fazenda) devido a um embate com o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o socorro às elétricas.
Foi o terceiro dia seguido de alta da moeda americana no país. O mercado testa até quando o Banco Central terá "sangue-frio" sem elevar as intervenções no câmbio.
No meio da tarde, porém, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, recuou e fechou em alta de 2,91%, a R$ 3,251, o maior patamar desde os R$ 3,28 de abril de 2003 (hoje, calculada a inflação, seriam R$ 5,01). Na semana, o dólar acumulou alta de 6,59%, e, no ano, 22,8%.
O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 2,81% para R$ 3,250, maior valor desde 3 de abril de 2003.
FATOR LEVY
O risco de o ajuste fiscal cair por terra por causa da ameaça de derrubada de um veto presidencial pelo Senado levou o ministro Joaquim Levy (Fazenda) a dizer que pediria demissão --o que foi usado por governistas para pressionar aliados.
A ameaça ocorreu no dia 11, quando o Congresso quase derrubou o veto à prorrogação, até 2042, de subsídios à grandes empresas de energia do Nordeste.
Além do cenário interno, pesa a expectativa pela reunião do Fed na próxima quarta (18), quando a autoridade monetária americana pode decidir quando elevará os juros básicos do país --o que atrairia de volta aos EUA investimentos que migraram para os emergentes.
Nenhuma mudança é esperada ainda, mas investidores observam atentos se a palavra "paciente" será mantida no comunicado do Fed.
A palavra é a senha para quão logo os juros subirão. Hoje, os pessimistas apostam que eles subam em junho, e os otimistas, em setembro.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa recuou 0,58% para 48.595 pontos, acumulando queda de 2,77% na semana e de 2,82% no ano.
"O movimento reflete a saída dos investidores de ativos de risco e a aplicação em dólar e juros, que protegem contra a instabilidade", disse Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.