Serviços de entrega ressurgem com bebidas
Start-ups dos EUA criam delivery de bebidas alcoólicas de olho nos jovens que já pedem comida pelo celular
O cemitério dos serviços de entrega abriga muitas sepulturas nos Estados Unidos. Webvan, Kozmo e Urbanfetch foram todas vistas como empresas muito promissoras antes de desabarem.
Mas a entrega no mesmo dia está voltando ao mercado com a ajuda de pequenas empresas que se concentram em um nicho de mercado: bebidas alcoólicas.
O fato de que a geração milênio, acostumada a pedir comida usando apps em seus smartphones, tenha chegado à maioridade alcoólica ajuda. E o momento de ressurgimento da cerveja artesanal e dos coquetéis é muito oportuno.
"Vejo a entrega de álcool, vinhos e bebidas mais fortes como a última fronteira no mercado das entregas de conveniência", diz Devaraj Southworth, fundador do site e aplicativo de entrega de vinhos Thirstie, em Nova York.
Os dois últimos anos viram o surgimento dos apps Drizly, em Boston; Ultra, em NY; e Drinkos, em Cincinnati. Todas adotam modelo semelhante: pelo app, é possível comprar bebidas de lojas físicas parceiras.
As start-ups entregam o produto em prazo garantido, em geral menos de uma hora, e o motorista encarregado da entrega tem a tarefa de verificar o documento de identidade do comprador.
A maior parte desses serviços de entrega tem custo zero para o consumidor. As start-ups cobram taxas fixas das lojas, além de comissões sobre o valor dos pedidos.
A taxa cobrada é essencial para garantir o sucesso do empreendimento.
Nos anos 90, no apogeu das empresas de delivery, a Kozmo focou mais em crescimento do que em lucrar, diz Christopher Siragusa, seu ex-chefe de tecnologia.
A empresa não cobrava taxa de entrega e nem pedido mínimo, o que levou a prejuízo em boa parte das entregas.
Siragusa usou os erros da empresa para fundar, em 2004, a MaxDelivery, que inclui nos seus produtos as bebidas alcoólicas.
LONGO TRABALHO
Nicolas Rellas e Justin Robinson, fundadores da Drizly, trabalharam por quase um ano na Gordon's Wines and Liquors, em Watertown, Massachusetts, a fim de criar um modelo de negócios que se enquadrasse ao modo de operação da loja.
Também passaram nove meses desenvolvendo um sistema avançado de verificação de idade para obedecer à lei.
"Tivemos de atravessar o lodaçal", ele disse. "Foi uma luta obter compradores, foi uma luta obter lojas, foi uma luta obter investidores".
A Gordon's foi a primeira loja parceira da Drizly quando a empresa foi inaugurada, em fevereiro de 2013. O site agora tem 33 funcionários e calcula ter faturado mais de US$ 5 milhões em 2014.
As margens de lucro são pequenas no comércio de álcool, segundo Rellas, da ordem de 40% para o vinho, 30% para a cerveja e 20% para bebidas mais fortes.
Para muitas dessas start-ups, a receita vem primordialmente das taxas cobradas das lojas, que por sua vez têm a vantagem de poder expandir sua base de consumidores para jovens que não costumam ir até o local.
Prav Saraff, proprietário da West Dupont Circle Wine and Spirits, em Washington, adotou o app da Ultra em 2014. "Recebemos novos pedidos de clientes que normalmente não veríamos na loja."
Há muito espaço para crescer. A Drizly opera em 14 cidades e planeja estar em 15 Estados dos EUA até o final deste ano. A Ultra planeja crescer de 9 para 14 cidades.