Movimento cai, e Gramado fica sem festa do chocolate
Na cidade, comércio se queixa de apatia nas vendas; encomendas de decoração de Páscoa recuam 50%
Empresa responsável por evento não comenta decisão; prefeitura diz esperar mais turistas do que no ano passado
A Páscoa terá um sabor mais amargo em Gramado, na Serra Gaúcha. Após 20 anos, o festival Chocofest foi suspenso, e os lojistas reclamam que o movimento está fraco. Além do cancelamento da festa, o comércio responsabiliza a crise econômica pela queda nas vendas.
Nos últimos anos, o Chocofest ocupava a rua Coberta, ponto nobre no centro da cidade, e trazia atrações gratuitas, como casa do coelho e fábrica de chocolate, e pagas --peças teatrais, por exemplo.
A Secretaria de Turismo local diz que lojistas e donos de restaurantes reclamavam do uso do espaço público. A empresa responsável pelo evento não comentou o motivo da suspensão, mas diz que o festival será reestruturado.
Para compensar a lacuna, a prefeitura fez uma parceria com as fábricas para decorar a cidade e oferecer atividades gratuitas, como caça ao ninho, pinturas temáticas e apresentações musicais.
Ainda assim, Julinho Cavichioni, sócio-diretor da Caracol Chocolates, acredita que a retração do mercado deve levar a uma queda de 10% nas vendas em relação ao mesmo período de 2014.
APENAS DE OLHO
Para os lojistas ouvidos pela reportagem, os turistas estão preferindo passear a comprar. "O pessoal só olha, não compra ou compra pouco", afirma a vendedora Paola Schaulet.
"Por enquanto o movimento está fraco", diz Camila Furquim, 21, gerente de uma loja de chocolates. "Está apático como em todo o país", concorda Andréia Britto, 43, funcionária de outra loja.
O artesão Márcio Garcia, 45, responsável pela decoração de diversas lojas e estandes, também sentiu a demanda menor. "As encomendas de decoração caíram 50% em relação ao ano passado", diz.
A turista Clotilde Pires Langoni, 64, que passeava pela cidade na quarta (18), pretende pesquisar os preços antes de comprar os presentes de Páscoa para seus oito netos. "Será uma compra razoável, vou escolher bastante."
A Prefeitura de Gramado minimiza o impacto da suspensão do Chocofest e diz esperar 400 mil turistas entre 13 deste mês e 4 de abril, quando ocorre a primeira edição da Páscoa em Gramado.
O número é 8% maior que o verificado na Páscoa do ano passado.
Uma das 20 fábricas de chocolate que atuam na cidade, a Lugano, que faturou R$ 25 milhões em 2014, também está otimista e nega que a crise tenha afetado a empresa.
A Páscoa é o terceiro período do ano mais lucrativo para o comércio de Gramado, atrás apenas das épocas de inverno e do Natal.