Levy diz que optou por não postergar gastos
Ao comentar o deficit recorde do Tesouro em fevereiro, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) argumentou que o governo optou por não postergar gastos para melhorar artificialmente as estatísticas do mês --expediente usado pela gestão econômica anterior.
"Em parte, fizemos alguns pagamentos que, por conveniência, poderíamos ter jogado para março. Achamos importante dar tempestividade [qualidade do que ocorre no momento certo] aos pagamentos, mesmo que tenhamos cifras menos favoráveis", disse o ministro, durante audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
Levy acrescentou que, por trás da decisão de não postergar despesas, está a preocupação com os fornecedores, "pessoas que também necessitam desse dinheiro". "É importante para manter a economia funcionando."
Segundo o ministro, outros fatores pesaram negativamente para o fraco desempenho das contas em fevereiro, como compromissos assumidos no ano passado (restos a pagar) e o Carnaval, que reduziu os dias úteis no mês.
Levy frisou que o desafio fiscal "é real" e que o governo terá de ficar atento o ano inteiro para cumprir a meta de poupar R$ 66,3 bilhões (o equivalente a 1,2% do PIB).
Fez um apelo para que o Congresso aprove o pacote de ajuste fiscal do governo.
Segundo Levy, sem as medidas, o país ainda sofre risco de rebaixamento de sua nota das agências de risco.
BC TIRA COM A OUTRA
Levy fez ressalvas ao programa de "swaps" cambiais, dizendo que os custos são altos e "tudo o que a gente dá com uma mão acaba o BC tendo que tirar com a outra".
Na semana passada, o BC decidiu pelo fim dessas intervenções no mercado de câmbio, que vinham contribuindo desde 2013 para evitar uma valorização maior do dólar.
Em fevereiro, essas operações causaram perdas de R$ 27,3 bilhões ao BC.