Mercado aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Venda de calçados à Argentina cresce em março
As exportações de calçados para a Argentina, que vêm recuando todos os anos desde pelo menos 2011, registraram alta em março.
Na comparação com o mesmo mês de 2014, o número de pares enviados subiu 128,26% e o valor vendido, 85,24%.
Além da desvalorização do real, a decisão da OMC (Organização Mundial do Comércio) que obriga a Argentina a eliminar os controles às importações favoreceu os embarques brasileiros de sapatos.
As compras do produto de outros países feitas pela Argentina se expandiram de forma geral no primeiro trimestre deste ano. Quando se considera o número de pares, o incremento chegou a 44%.
"Eles [o governo argentino] têm 15 meses para tirar as barreiras, mas isso [o crescimento verificado em março] já pode ser um indício de adequação", afirma o executivo da Abicalçados (associação do setor) Igor Hoelscher.
Apesar dos avanços, Hoelscher diz ser difícil o Brasil recuperar totalmente sua participação no mercado vizinho.
Mesmo com a alta de março, o volume de vendas do mês (398.415 pares) é apenas um pouco maior do que a metade do exportado no mesmo período de 2011 (793.100).
Com a ajuda argentina, os embarques totais brasileiros de sapatos alcançaram em março US$ 91,14 milhões --elevação de 15,1% na comparação com o mesmo mês de 2014 e de 16,6% em relação a fevereiro. Ao todo, foram enviados 10,8 milhões de pares.
Hoelscher diz que o câmbio começa, agora, a favorecer a geração de negócios, mas que o efeito real só poderá ser verificado de forma mais nítida a partir de maio.
PÉ NO CHÃO
A Lanzi, fabricante de revestimentos cerâmicos, vai investir R$ 35 milhões em expansão neste ano. O aporte é R$ 10 milhões superior ao realizado em 2014.
O recurso irá para a ampliação da capacidade de produção e de estocagem da fábrica em Mogi Guaçu (SP), além do desenvolvimento de novas linhas.
A expansão prevê um centro de distribuição, também na cidade, que permitirá um espaço maior na fábrica para a instalação de novos maquinários. Hoje, a estocagem das mercadorias é feita dentro da planta.
O foco da companhia é ampliar a medida das peças atuais, de cerca de 1 metro por 50 centímetros, para formatos de 1,20 metro por 1,20 metro, para atender a demanda de mercado.
"É na crise que se encontram oportunidades para crescer em outros mercados. A alta do câmbio vai nos ajudar bastante a ampliar a exportação neste ano", afirma Luiz Antônio Lanzi, presidente da companhia.
A expectativa é incrementar os embarques de 6% para até 12% do faturamento anual, diz o executivo.
As peças de formato maior custam aproximadamente 50% a mais que os produtos compactos. Em 2014, o tíquete médio da marca foi de R$ 38. Para este ano, a estimativa é que o valor fique entre R$ 63 e R$ 65.
R$ 150 MILHÕES
foi o faturamento da empresa em 2014
25%
é a expectativa de crescimento para este ano
350
são os funcionários da companhia
R$ 25 MILHÕES
foi o investimento em 2014
Multinacional alemã compra laboratório de testes em SC
A TÜV Rheinland, companhia alemã que atua com certificação e inspeção, comprou um novo laboratório em Joinville (SC) para a realização de testes de produtos.
O valor do negócio não foi informado. Será a segunda estrutura da multinacional no país --a primeira fica na cidade de São Paulo.
Com a unidade catarinense, a empresa ampliará o número de ensaios sobretudo em três segmentos: fogões a gás, equipamentos de jardinagem e motobombas.
A empresa presta serviço para fabricantes que precisam submeter os seus produtos a avaliações para a obtenção de certificados de qualidade, como os do Inmetro.
"O novo laboratório tem 70 normas acreditadas, o dobro da unidade paulista, o que nos permitirá elevar as áreas atendidas", diz Mariano Mercado, executivo do grupo.
2.395
é o número de funcionários da companhia alemã no Brasil
2.000
é a capacidade anual de testes de fogões, eletrodomésticos e motobombas do novo local
MINA DE CRÉDITO
A Vale iniciou um programa para auxiliar os fornecedores na obtenção de recursos para capital de giro.
Por um sistema on-line, as empresas contratadas pela mineradora poderão negociar o crédito diretamente com instituições financeiras, usando como garantias contratos ou faturas de pagamento da própria Vale.
"É uma forma de ajudar principalmente pequenas e médias empresas que, em algumas regiões fora dos grandes centros, não têm acesso tão facilitado a linhas de crédito com juros mais baixos", diz Rodrigo Colombaretti, executivo da multinacional.
"Para a Vale, é também uma maneira de garantir que a cadeia de fornecedores esteja mais saudável do ponto de vista financeiro", afirma.
A ferramenta terá a participação de até dez instituições, entre bancos e fundos de investimentos.
"Como haverá concorrência e garantias que reduzem os riscos para os bancos, acreditamos que o ambiente vai favorecer a oferta de crédito mais barato."
A companhia estima que cerca de 700 empresas fornecedoras deverão aderir ao sistema. O número representa 10% das 7.000 que têm vínculos ativos com a Vale.
PACOTE ESTRANGEIRO
A Sonoco, norte-americana do setor de embalagens, concluiu na semana passada a compra de participação acionária da brasileira Graffo, que atua na mesma área.
A transação, cujo valor não foi divulgado, foi intermediada pelo escritório Tess Advogados, de São Paulo.
A Graffo tem fábrica na região metropolitana de Curitiba e faturou US$ 35 milhões em 2014 (cerca de R$ 105 milhões na cotação atual).
Com aproximadamente 230 funcionários, a empresa brasileira atende fabricantes de confeitaria, laticínios, farmacêuticos e industriais.
US$ 5 BILHÕES
é o total anual líquido de vendas da Sonoco
20.800
são os funcionários da multinacional
PARA DRIBLAR A CRISE
Quatro em cada dez comerciantes fluminenses que investiram em 2014 injetaram mais recursos em seus negócios que em 2013, segundo estudo da Fecomércio-RJ.
Cerca de 20% afirmaram ter mantido o mesmo nível de investimentos que no ano anterior e 11% disseram ter aplicado menos. Outros 20% não aportaram na empresa e 6% não souberam responder.
"O cenário não é bom. O empresário precisa investir, e está fazendo isso sem auxílio de nenhuma linha de crédito, por causa dos juros elevados e das altas exigências dos bancos", diz Christian Travassos, da entidade.
Os principais aportes foram em aumento e variedade de estoques (55,8%), ampliação ou reforma do estabelecimento (45,1%), novos maquinários (26,1%) e marketing da empresa (18,8%).