Aliados de Cunha prometem retaliar Renan
A ameaça de derrubada do projeto de regulamentação das terceirizações levou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a reunir aliados em seu gabinete logo após a votação.
Segundo relatos de participantes do encontro, a informação vinda de tucanos foi que a orientação para o recuo do PSDB partiu do presidente nacional do partido, o senador Aécio Neves (MG).
A repercussão negativa da medida nas redes sociais teria sido o motivo para que parte da bancada do PSDB, que antes apoiara o projeto, mudasse de posição.
"Todos fomos pegos de surpresa com esse inusitado e inacreditável acordo entre PT e PSDB contra a modernização da economia brasileira", afirmou o relator do projeto, Arthur Maia (SDD-BA), na saída do encontro com Cunha.
Na saída do Congresso, Cunha disse não ter ouvido que a orientação para o recuou partiu de Aécio.
Alinhado com os interesses do setor empresarial, Cunha foi um dos principais articuladores do projeto nos bastidores.
Durante a reunião desta terça, ele também reagiu mal, segundo os relatos, à informação de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ameaçara derrubar a possibilidade da terceirização da atividade-fim das empresas, a espinha dorsal do projeto.
A Folha apurou que em resposta a isso Cunha ameaça derrotar na Câmara o projeto aprovado no Senado que validou benefícios tributários concedidos por Estados para atrair investimentos, desrespeitando a legislação em vigor. Renan trabalhou para aprová-lo.
Ainda de acordo com participantes da reunião, avaliou-se no encontro que a reação de Renan é uma retaliação à confirmação do nome de Henrique Eduardo Alves, próximo a Cunha, para o Turismo. A nomeação desaloja Vinicius Lage, aliado do presidente do Senado.