Processo por sumiço de bens põe em risco recuperação da Schahin
Empresa pediu nesta sexta a renegociação do pagamento de dívidas que somam R$ 6,5 bilhões
Processo movido pelo Banco IBM, no entanto, expõe dificuldade de reaver perda com calote; grupo não comenta
Um processo movido pelo Banco IBM pode colocar em risco o pedido de recuperação judicial apresentado nesta sexta (17) pelo grupo Schahin --a empresa tenta renegociar o pagamento de uma dívida de R$ 6,5 bilhões com bancos e fornecedores.
Os controladores da Schahin são acusados pelo banco de sumir com patrimônio justamente para não pagar uma dívida com a instituição, no valor de R$ 87 milhões.
Para cobrir o calote da Schahin com o Banco IBM, a Justiça fez três tentativas fracassadas. Primeiro, pediu o bloqueio das contas bancárias. Só encontrou R$ 22,5 mil.
Depois, foi atrás dos veículos em nome das empresas do grupo e dos sócios. A Justiça encontrou 168, mas eles tinham restrições que impediam a transferência.
Na terceira tentativa, partiu em busca de imóveis. Segundo os advogados do Banco IBM, a Schahin tinha dez propriedades em São Paulo que poderiam ser arrestadas para liquidar o débito.
Mas a empresa vendeu esse patrimônio por R$ 58,6 milhões em janeiro deste ano, depois que a Justiça determinou a execução da dívida.
A Schahin tentou resolver a pendência com a entrega de parte de suas ações. Mas o Banco IBM não quer se tornar sócio da companhia.
Essa pendência com o Banco IBM, que corre na Justiça de São Paulo, pode comprometer a tentativa de recuperação judicial da Schahin. Para que o processo siga em frente, a empresa precisa mostrar boa vontade para pagar suas dívidas e entrar em acordo com os credores.
Nesse cenário, uma acusação de "dilapidação de bens" já na largada pode virar um obstáculo. Procurado para falar sobre a disputa com o Banco IBM, o advogado Joel Thomaz Bastos, responsável pelo pedido de recuperação, não deu retorno. O banco também não se pronunciou.
Embora não tenha atendido a reportagem, no processo que corre na Justiça a Schahin diz que o financiamento do banco foi feito para adquirir equipamentos e serviços da IBM e que deixou de pagar a dívida porque a empresa não entregou os produtos.
A IBM nega e o banco diz, no processo, que a operação era um financiamento como qualquer outro.
Citada na Lava Jato como uma das empresas que teriam cometido irregularidades na Petrobras, a Schahin entrou na mira do Ministério Público e está impedida de participar de novas licitações.
Os advogados da Schahin afirmam que as finanças da companhia foram afetadas pela combinação entre crise econômica, queda no petróleo e escândalo na Petrobras.