Real foi manipulado em esquema global
Moeda foi uma das atingidas por operação fraudulenta montada por grandes bancos
O real foi uma das moedas manipuladas por cinco grandes bancos internacionais, em uma operação fraudulenta que atingiu várias outras divisas e durou cinco anos, de 2007 a 2012.
De acordo com documento do DFS (órgão americano responsável pela investigação), os corretores envolvi- dos nas negociações entre o real e o dólar conspiraram para, juntos, manipular o mercado.
A estratégia era bem mais direta que a usada em outros mercados (como o do rand, a moeda sul-africana): boicotar os corretores brasileiros e, assim, reduzir a competição.
Um dos diálogos reproduzidos pelas autoridades americanas mostra claramente que o objetivo era o boicote.
Em outubro de 2009, em uma sala de chat on-line, um corretor do banco canadense RBC escreveu a colegas de outras instituições:
"Todo o mundo está de acordo em não aceitar um agente local como corretor?". A resposta do colega do britânico Barclays foi clara: "Sim, quanto menos competição, melhor".
Com alta de 33%, o real foi a moeda emergente que mais se valorizou em 2009, em um período de turbulência para a economia mundial, com a crise detonada pela quebra do banco Lehman Brothers, em 2008 --neste ano, a divisa brasileira perdeu 23% do seu valor, no quarto pior resultado de um emergente.
ENTENDA O CASO
Na quarta (20), cinco grandes bancos internacionais (Citigroup, JPMorgan Chase, UBS, Barclays e RBS) fecharam acordo para pagar US$ 5,6 bilhões em multas e admitir culpa por múltiplos crimes relacionados à manipulação de transações de câmbio e taxas de juros.
Os operadores deveriam supostamente ser concorrentes, mas eles conspiraram para manipular o mercado global de câmbio --eles se definiam como "o cartel". A adesão era só por convite e havia ameaças para quem errasse.
Para executar o esquema, por exemplo, um operador tipicamente formava uma grande posição de uma moeda e depois a descarregava no mercado em momento crucial, na esperança de causar movimentação de preços. Os operadores dos demais bancos concordaram em "ficar fora do caminho".