Com baixo retorno e inflação alta, milionários fogem da poupança
O baixo rendimento da caderneta de poupança em relação às demais aplicações financeiras conservadoras fez com que o número de cadernetas milionárias registrasse no ano passado o menor ritmo de crescimento desde 2006, início da série histórica do BC (Banco Central).
Em dezembro, havia 12.081 contas poupança com depósito acima de R$ 1 milhão. O número mostra crescimento de 6,3% em relação às 11.362 cadernetas milionárias do ano anterior --bem menor que o avanço de 32,8% observado no período entre 2012 e 2013 (veja quadro acima).
Em relação a junho do ano passado, quando havia 12.246 contas poupança milionárias, foi registrada queda de 1,35%. Em valores, o saldo teve queda de R$ 39,8 bilhões no fim do primeiro semestre de 2014 para R$ 38,5 bilhões em dezembro do mesmo ano.
Parte dessa desaceleração é atribuída à inflação, que corrói os ganhos da poupança. Até abril, a poupança rendeu 2,36%, ante uma inflação de 4,56% medida pelo IPCA.
"Entre as classes altas, o resgate da caderneta de poupança se deve, principalmente, à rentabilidade mais atraente de outros produtos financeiros", afirma Eduardo Velho, economista da gestora Invx Global.
RESERVA DE EMERGÊNCIA
Mas isso não significa que os milionários sacarão todos os seus recursos da caderneta e transferirão para outros investimentos, afirma o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.
"A caderneta ainda é vista como reserva de emergência para esse público", diz ele.
Em um momento de crise na economia, como o atual, os milionários podem inclusive se desfazer de produtos mais difíceis de vender, como as LCI (Letras de Crédito Imobiliário), e alocar dinheiro na caderneta de poupança, ressalta Perfeito.
"Na atual conjuntura, é mais vantajoso deixar os recursos líquidos do que imobilizados", destaca o economista da Gradual Investimentos.