Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Grupo fecha com consórcio internacional para obras de termelétricas de R$ 6,5 bi
A Bolognesi Energia contratou um consórcio formado pela GE e pela companhia espanhola de construção pesada Duro Felguera para erguer duas novas termelétricas.
As usinas, que ficarão em Pernambuco e Rio Grande do Sul, foram vencedoras do leilão A-5 ocorrido no fim de 2014. Com um investimento de R$ 6,5 bilhões, elas devem iniciar a operação comercial em janeiro de 2019.
"Ainda dependemos das licenças de instalação, mas estimamos o começo das obras para novembro deste ano", afirma Ronaldo Bolognesi, presidente da empresa.
O contrato será no modelo EPC (engenharia, suprimento e construção, na sigla em inglês). "A GE entrará não só como fornecedora de equipamentos, as duas empresas estão consorciadas também para a realização das obras."
O empresário não deu detalhes sobre outros grupos participantes da disputa, mas a coluna apurou que não houve companhias brasileiras.
A dívida de longo prazo para a realização dos projetos deverá ser contratada com o BNDES e com o Exim Bank dos Estados Unidos (banco de fomento), ainda segundo o presidente da empresa.
"A estruturação [do negócio] está caminhando bem, até porque os contratos de 25 anos de fornecimento [de energia] permitem uma segurança para os financiadores."
As duas termelétricas, cada uma com capacidade de 1.500 MW (megawatts), serão abastecidas com gás natural liquefeito importado. Para isso, a Bolognesi também construirá terminais de regaseificação nos locais.
MARCHA A RÉ
Depois de registrar uma queda de 25% no faturamento no ano passado, a fabricante de máquinas agrícolas Stara prevê repetir o resultado negativo e recuar mais 25% em 2015.
Com as retrações, o resultado deve passar do R$ 1 bilhão de 2013 para cerca de R$ 560 milhões neste ano. Em 2012, a empresa avançou 70% impulsionado por uma safra recorde e juros baixos.
"A crise, que é muito mais de confiança, está em todos os setores. Mas a falta de crédito dificulta bastante nosso mercado", diz o presidente do grupo, Gilson Trennepohl.
O dólar a R$ 3 também não tem alavancado as exportações, que correspondem a 12% do faturamento.
"Quando o real estava apreciado, os mercados fecharam as portas para nós. Agora, temos que lutar para eles reabrirem. Isso demora."
Em junho, a Stara vai inaugurar um novo espaço na fábrica de Não-Me-Toque (RS). As obras demandaram R$ 80 milhões. O plano completo de expansão, porém, previa R$ 280 milhões. Por enquanto, as outras etapas do projeto estão suspensas.
A empresa tem outras duas plantas no país.
Interior do PR terá frigorífico de frango de R$ 200 milhões
A holding GMH, de Luxemburgo, investirá R$ 200 milhões para construir um frigorífico de aves em Piraí do Sul (PR), distante cerca de 160 quilômetros de Curitiba.
A planta industrial concentrará processos como fabricação de ração, incubadoras, abate, corte e desossa.
A previsão é produzir cerca de 100 mil unidades diárias no primeiro ano de operação e alcançar 400 mil cabeças por dia em 2017.
Os frangos atenderão os preceitos islâmicos (halal) e toda a produção será destinada ao mercado externo.
"Escolhemos o Estado por causa da grande oferta de grãos e por ser perto do porto de Paranaguá, o que facilitará a exportação para Estados Unidos e Europa", diz Ghassan Saab, diretor-presidente da subsidiária no Brasil.
O projeto deverá envolver cerca de 300 agricultores e gerar 1.300 empregos diretos e 5.000 indiretos.
"A estimativa é que a GMH inicie as obras dentro de 60 dias", diz Norberto Ortigara, secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná.
Na cidade, existe uma planta desativada onde a Perdigão criava perus, de acordo com o secretário.
DEMISSÕES NO SUL
As fabricantes de máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do Sul dispensaram 20% de seus funcionários desde o começo deste ano. Hoje, são cerca de 22,4 mil pessoas empregadas.
As demissões são consequência da queda de 20% no faturamento no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2014.
"A incerteza e a falta de crédito estão fazendo nosso setor sofrer muito", afirma o presidente do Simers (sindicato da indústria do Estado), Claudio Bier.
No ano passado, as empresas já haviam recuado 14%, segundo o executivo.
O desempenho de 2014, no entanto, não foi considerado muito ruim porque o ano anterior tinha sido excepcional, com alta de 20% na receita. Os juros baixos haviam feito muitas empresas anteciparem suas compras.
"Para 2015, ainda não temos uma previsão [do resultao]. Vai depender do que o governo anunciar para o Plano Safra", acrescenta.