Setor público economiza 50% da meta anual
Com ajuda de Estados, superavit primário atingiu R$ 32,4 bi até abril; objetivo para o ano é poupar R$ 66,3 bi
Montante, porém, caiu em relação ao do ano passado e 2º semestre costuma ser mais difícil, afirma BC
Com uma contribuição substancial dos Estados, o setor público acumulou até abril metade da economia que o governo estabeleceu como meta para o ano, e a dívida pública recuou pela primeira vez em 14 meses.
Ainda assim, o superavit primário, de R$ 32,4 bilhões nos quatro primeiros meses, está 24% abaixo do registrado em igual período de 2014, quando as contas fecharam no vermelho. E o BC pondera que os Estados tendem a fazer resultados menos favoráveis no segundo semestre.
O governo tem como meta economizar R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB) neste ano.
Em abril, mês tradicionalmente favorável para as contas do governo por causa do pagamento do ajuste do Imposto de Renda, a economia do setor público caiu 21% ante o mesmo mês de 2014. Ficou em R$ 13,4 bilhões.
"Não é um resultado animador e evidencia que o governo terá que se esforçar ainda mais nos meses restantes", afirmou a consultoria Rosenberg Associados em nota, acrescentando que será "um grande desafio" cumprir a meta, o que exigirá superavit médio mensal de R$ 4,2 bilhões até o fim do ano.
Nos 12 meses até abril, a economia para pagar os juros da dívida pública foi equivalente a 0,76% do PIB, o mais baixo da série histórica, iniciada em novembro de 2002.
Na contramão do que tem ocorrido na União, a economia feita por Estados tem crescido ante 2014. No acumulado do ano, a alta foi de 43,6%, e os Estados foram responsáveis por 45% do superavit primário no período.
Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, disse que a arrecadação do ICMS (imposto estadual) tem sido alavancada pelo reajuste da tarifas de energia e que, no primeiro semestre, há ainda o recolhimento do IPVA.
Ele reiterou que muitos Estados estão sendo comandados por governadores em início de mandato e, por isso, costumam ser mais moderados no gasto nos começo.
DÍVIDA
A dívida pública caiu 0,7 ponto percentual em abril, para 61,7% do PIB. O recuo --o primeiro desde fevereiro de 2014-- foi influenciado pela economia feita no mês e também pelas receitas recordes com juros do BC com operações cambiais.
Nos contratos de "swap" cambial, o BC oferece ao mercado proteção contra a valorização do dólar. Quando a moeda norte-americana tem alta, o investidor é remunerado. Mas, se o dólar cai, o BC tem ganho com a operação.
Foi o que ocorreu em abril. No mês, quando o dólar recuou 6,09%, o BC teve um lucro recorde de R$ 31,8 bilhões com os "swaps". Em março, quando o dólar subiu, a perda para o BC foi de R$ 34,5 bilhões, também recorde.