Ato contra ajuste fiscal acaba em tumulto
Estudante da USP leva soco de policial durante manifestação; Secretaria de Segurança afirma que apura o caso
Protestos contra medidas do governo e projeto que amplia a terceirização ocorrem em todo o país, diz CUT
Terminou em tumulto entre estudantes e a Polícia Militar manifestação em São Paulo contra o ajuste fiscal da presidente Dilma Rousseff e o projeto de lei que amplia a terceirização do trabalho.
Uma estudante da USP levou um soco de um PM na rodovia Raposo Tavares, onde os manifestantes estavam.
Jéssica (não quis fornecer o sobrenome), estudante de letras, foi levada por amigos para o Hospital Universitário, dentro do campus da USP. Ela foi submetida a exame de tomografia, já que reclamava de dores na cabeça. O exame não encontrou danos.
A estudante afirmou à Folha que ela acompanhava o colega de USP Carlos, quando a polícia partiu para cima dele para levá-lo preso.
"Eles começaram a arrastá-lo. Foi muito rápido, quando eu vi, o Carlos já estava no chão", diz Jéssica.
"Em seguida, um policial me deu uma rasteira e me golpeou no rosto. Eu nem vi direito como foi. Só sei que caí e bati a cabeça."
Um policial foi afastado após a divulgação de imagens em que atirava balas de borracha contra manifestantes com metade do corpo para fora de um carro da polícia.
O repórter da Folha Danilo Verpa foi agredido com um golpe de cassetete nesse mesmo ato (leia texto nesta pág.).
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que a PM agiu para que as manifestações tivessem o menor impacto possível "na rotina do cidadão" e que apura os fatos. Afirmou ainda que "foram utilizados os meios necessários para que vias não fossem fechadas pelos manifestantes".
PELO PAÍS
O protesto contra o ajuste fiscal e o projeto que amplia a terceirização reuniu metalúrgicos, bancários, petroleiros, motoboys, motoristas e cobradores de ônibus, metroviários, professores, entre outras categorias profissionais.
As manifestações e as paralisações foram registradas nos 26 Estados e no Distrito Federal, segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), uma das organizadoras do movimento.
As maiores mobilizações aconteceram em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, em Pernambuco e na Bahia.
Em São Paulo, rodovias importantes como a Anhanguera e a Anchieta, que ligam o interior paulista e a Baixada Santista à capital, respectivamente, foram totalmente interditadas, causando congestionamentos.
Trabalhadores da Petrobras, de montadoras de veículos e de indústrias da aviação e tecnologia pararam as atividades.
Em Minas, o prédio do Ministério da Fazenda foi ocupado por integrantes de movimentos rurais. Na Bahia, os petroquímicos do polo de Camaçari começaram a mobilização ainda na noite de quinta (28). Em Recife (PE), 11 dirigentes sindicais, que ocupavam rodovia estadual, foram detidos no Complexo de Suape, de acordo com a CUT-PE.