Setor de serviços sente aumento da energia
Empresas continuaram a repassar, em maio, a alta de custos ao consumidores; processo deverá continuar
Sete em cada 10 produtos analisados no índice de inflação do IBGE tiveram alta no mês passado
No início do ano, os preços administrados --como luz e gasolina-- pressionaram a inflação. Em maio, os alimentos surpreenderam ao acelerar num mês em que deveriam perder fôlego. Para piorar, as altas estão sendo repassadas para a frente em outros produtos e serviços.
Da cesta de 373 produtos que integram o IPCA, calculado pelo IBGE, 70,2% apresentaram alta em maio. No mesmo mês do ano passado, o número --chamado por especialistas de índice de difusão-- era de 66,8%.
"Um índice acima de 70% é alto para os padrões históricos", afirma Luis Otávio Leal, economista do banco ABC Brasil. Foi o terceiro mês consecutivo em que o índice ficou acima de 70%.
O fenômeno da difusão de preços tem sustentado os custos de serviços mesmo com a desaceleração da economia. No ano, avançam alimentação fora de casa (5,14%), condomínio (4,58%), transporte escolar (7,86%), tratamento de animais (6,26%), médico (5,29%) e depilação (5,14%).
Na Clean Wax, no Rio, o custo da depilação subiu de 6% a 7%. Cristina Rezende, dona da empresa, diz que a energia foi um dos motivos. "A máquina que mantém a cera na temperatura correta não pode ser desligada. Então, tivemos que passar parte do custo para a frente."
Segundo Myriã Bast, economista do Bradesco, as empresas ainda não terminaram de repassar o aumento de custos ao consumidores, o que ainda deve se prolongar nos próximos meses.
A hamburgueria Brothers' Burger, no Rio, vai aumentar seus preços em 10% em breve. O sócio Guilherme Romano diz que reduziu a margem de lucro do negócio e conteve os preços enquanto pôde.
"Todos os nossos insumos tiveram altas significativas."