Entenda a crise grega
1 O que o plebiscito vai decidir?
Oficialmente, os gregos votam se aceitam ou não a proposta feita pelos credores no sábado (27) e que, na realidade, nem existe mais depois que o governo da Grécia saiu da mesa de negociação. Na prática, está em jogo a continuidade do atual premiê (que faz campanha pelo "não") e até mesmo a permanência do país na zona do euro.
2 Bilhões de euros foram injetados na economia grega e não funcionaram. O que os gregos querem agora?
O governo grego fez dois pedidos nesta terça (30). O primeiro, já recusado, é que o atual programa de ajuda fosse estendido. Esse programa garantiria o acesso ao país a € 7,2 bilhões, dinheiro importante para pagar ao funcionalismo e aos credores externos --inclusive a dívida de € 1,6 bi com o FMI. A segunda proposta é que eles tenham acesso aos fundos do programa europeu de ajuda lançado em 2012. Neste caso, os europeus vão analisar, mas é possível que uma decisão só ocorra após o plebiscito.
3 Não seria mais fácil dar logo os € 7,2 bi?
Esse dinheiro está congelado há quase um ano, porque os credores exigem que a Grécia cumpra sua parte nas reformas prometidas. A interpretação é que entregá-lo seria um mau exemplo não só para a Grécia, mas também para outros países, que futuramente poderiam, à base de ameaças, receber dinheiro sem entregar as contrapartidas.
4 Sem dinheiro, como a Grécia vai pagar ao funcionalismo, a aposentados e a fornecedores?
Essa é uma dúvida que deve ser resolvida nas próximas semanas. Uma hipótese é que ele emita algum tipo de título (o governo da Califórnia fez isso em 2009) com a promessa de pagamento futuro. Esses papéis costumam ser aceito no comércio, mas com alguma forma de deságio.
5 Por que a crise grega parece não ter fim?
A crise da economia grega, como a de outros países europeu, começou em 2008, na esteira da crise americana e ganhou contornos próprios no ano seguinte, quando foi descoberto que o país maquiava as contas públicas e sua dívida, na verdade, era muito maior. Desde então, apesar dos programas de resgaste (ou por causa deles, segundo seus críticos), a economia não conseguir engrenar: o desemprego permanece alto (25,6%),assim como a dívida pública (177% do PIB).
6 Quais os riscos da crise para o Brasil?
O ministro Joaquim Levy afirmou nesta terça (30) que o país está "relativamente confortável" para enfrentar um calote grego. Além do impacto nos mercados financeiros, um risco para o Brasil é se os problemas gregos se espalharem para o resto da União Europeia, já que o bloco compra quase 20% das exportações brasileiras.
7 Pretendo viajar para a Grécia. Devo desistir?
Apesar da promessa do governo de que a restrição a saques não afetará estrangeiros, agências recomendam que turistas levem dinheiro vivo.