Casas Bahia voltam a testar bairrismo gaúcho
Seis anos depois de fechar lojas no Estado, que valoriza marcas locais, rede reabre nesta 4ª
Seis anos depois de fechar suas lojas no Rio Grande do Sul, as Casas Bahia reinauguram nesta quarta-feira (1º) sua operação no Estado.
A rede já tinha atuado no Rio Grande do Sul entre 2004 e 2009 e sofria com o baixo desempenho de suas filiais. Um dos motivos apontados pelo fracasso na década passada foi o "bairrismo" do consumidor gaúcho, que preferia comprar em redes locais.
BAIANA DO BOMBACHAS
A hipótese chegou a ser levantada publicamente por Michael Klein, filho do fundador, Samuel Klein, e então principal executivo da companhia. Em entrevista à época, ele disse que houve sugestões até para colocar bombachas no personagem "Baianinho", símbolo da rede.
Ao encerrar as atividades na última de suas lojas, a empresa culpou especificamente rusgas com o governo estadual e questionou a aplicação de multas pela Secretaria da Fazenda.
PONTO FRIO
Hoje ligada ao grupo francês Casino, a rede inaugura uma unidade em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre. Com isso, só não estará presente em Estados da região Norte do país.
Desta vez, a empresa contará com a estrutura da rede Pontofrio, que mantém 26 lojas no Rio Grande do Sul e também pertence ao grupo. O motivo divulgado do retorno é a necessidade de explorar melhor o potencial econômico do Estado.
Para isso, o desafio será se inserir em um mercado conhecido pelo alto consumo de produtos locais e pela força de marcas regionais.
NATURALIZAÇÃO
O professor de administração Marlon Dalmoro, que fez uma pesquisa de doutorado sobre hábitos de consumo dos gaúchos, afirma que o perfil muito "tradicional" dos consumidores do Estado leva empresas de fora a tentar uma "naturalização", tática que foi ignorada pelas Casas Bahia até 2009.
Procurada pela reportagem, a rede não informou se pretende adotar uma estratégia específica nesta segunda etapa de atuação no Estado.
Um exemplo de naturalização foi a estratégia do Magazine Luiza de manter temporariamente a bandeira de uma rede local, adquirida quando chegou ao Rio Grande do Sul.
Ações de patrocínio ou marketing com temas locais também são comuns.
A Ambev, por exemplo, mantém no Rio Grande do Sul a sua principal marca regional, a cerveja Polar, que usa o bairrismo de maneira bem-humorada em publicidade.
"Há uma resistência de mercado e a valorização dos produtos daqui, negando muitas vezes o que é de fora. É preciso um processo de negociação pela 'cidadania' [gaúcha]", diz Dalmoro.