Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br
Volta ao azul
Brasil volta a ter saldo positivo com China, graças ao aumento de volume exportado e ao petróleo
Volume maior exportado de commodities e importações menores de produtos industrializados fizeram o Brasil sair do vermelho com a China e entrar no azul neste primeiro semestre.
Após o deficit comercial de janeiro a abril deste ano, o primeiro desde 2008, as exportações totais brasileiras para o país asiático superaram as importações em US$ 2,3 bilhões até junho.
Mas esse saldo fica bem abaixo dos US$ 5,4 bilhões na primeira metade de 2014.
Os dois mais tradicionais itens da balança comercial entre os dois países foram responsáveis pelo saldo menor.
A líder soja, embora o volume tenha crescido 4% neste ano, rendeu US$ 9,6 bilhões no semestre, 20% menos ante igual período de 2014, aponta a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
O minério de ferro perdeu ainda mais. Com um volume 3% menor nas exportações, as receitas encolheram 56%, para US$ 2,97 bilhões.
O grande destaque nessa relação comercial entre os dois países foi o petróleo. As exportações brasileiras subiram 200% em volume, enquanto as receitas cresceram 52% nesse primeiro semestre, em relação a igual período do ano passado.
O principal problema para a balança comercial brasileira foram os preços internacionais das commodities. Mesmo ampliando o volume exportado, o país obteve menos receitas neste ano.
O saldo comercial brasileiro foi sustentado também por outros produtos do agronegócio, como açúcar, carnes e até milho. A maioria deles, no entanto, também foi afetada pela redução média dos preços internacionais.
Os chineses importaram 965 mil toneladas de açúcar do país, 16% mais do que no primeiro semestre do ano passado. As receitas, no entanto, ficaram estáveis em US$ 322 milhões.
Aos poucos, o país consegue também entrar no mercado chinês de carnes e elevar a participação nas importações do país. Os dados da Secex indicam que o Brasil exportou o correspondente a US$ 292 milhões no primeiro semestre em carnes fresca e congeladas de aves. Esse valor supera em 23% o do ano passado.
O cenário de exportações brasileiras para a China neste primeiro semestre espelha o que serão as relações comerciais com o país asiático até o final deste ano.
Os chineses já compraram do Brasil o recorde de 25 milhões de toneladas de soja para esse período, e farão uma investida menor no mercado no segundo semestre.
As exportações do complexo soja (grãos, óleo e farelo), que superaram US$ 30 bilhões no ano passado, devem ficar mais para US$ 20 bilhões neste ano.
Já as exportações de minério de ferro devem seguir o ritmo normal, com manutenção de volume, mas sem garantia de recuperação dos preços.