China faz desvalorização recorde no yuan para estimular economia
BC chinês reduz em 1,9% taxa de referência, maior variação desde o fim do câmbio fixo, em 2005
Autoridade monetária visa recuperar exportações, que sofreram queda de 8,3% em julho
Numa tentativa de estimular as exportações –e, por consequência, a economia– num momento em que a atividade passa por forte desaceleração, o Banco Popular da China (o banco central do país asiático) anunciou nesta terça-feira (11, noite de segunda-feira no Brasil) uma desvalorização recorde no yuan, a moeda do país.
O crescimento do país está no menor ritmo desde 1989. Apesar de a China ter passado a adotar uma política de estímulo ao consumo interno, a economia ainda é altamente dependente do comércio exterior.
Na China, o câmbio é determinado pelo banco central e flutua dentro de uma banda, que pode variar 2%, para cima ou para baixo, a partir de uma taxa de referência. O que a autoridade monetária fez foi desvalorizar essa taxa em 1,9%. Foi a maior variação desde o fim do regime de câmbio fixo, em 2005.
Até agora, neste ano, a maior desvalorização diária imposta pelo BC chinês havia sido de 0,16%.
Logo após o anúncio, a moeda era negociada em queda de 1,3% –cada dólar valia 6,2920 em Xangai.
O BC chinês informou que a taxa de câmbio passará a acompanhar mais de perto as condições de mercado.
A autoridade monetária chinesa vinha resistindo a um movimento mais brusco no câmbio, entre outros motivos, porque poderia dificultar sua demanda ao FMI (Fundo Monetário Internacional) de transformar o yuan numa moeda oficial de reserva internacional, a exemplo do dólar.
Um yuan mais fraco tende a estimular as exportações, pois os produtos chineses ficam mais baratos.
No sábado, a China anunciou uma queda de 8,3% nas exportações em julho, a maior em quatro meses e muito acima da retração de 1,5% estimada por analistas.
A decisão pode ter efeito negativo sobre o Brasil. A China é um dos maiores importadores de produtos brasileiros, e uma desvalorização da moeda encarece os produtos nacionais.