Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Itaú vê vinda de novo investidor direto, atrás de câmbio e ativos mais baratos
Em meio à crise, um grupo diferente de personagens está de volta à cena.
"Tem chegado muito, mas muito investidor estrangeiro direto aqui", observa Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.
Por outro lado, investidores que já estavam no Brasil há tempos querem ficar menos investidos do que estavam anos atrás, dado o risco de que o país venha a perder o grau de investimento.
"É gente nova, de investimento direto, que acredita que investir no Brasil a um câmbio a R$ 3,45 está começando a valer a pena e que os ativos do país estão mais baratos", diz Goldfajn.
Entre os novatos há pessoas que pretendem comprar empresas ou participar das concessões de infraestrutura do governo que chegam bem mais exigentes.
"São investidores que vêm atrás de taxas de retorno mais altas. O governo terá de ver se vai aceitar oferecer taxas [a esse nível] –quão mais altas, só saberemos nos leilões", acrescenta.
O economista está convencido de que serão pedidos retornos mais elevados do que os que foram oferecidos há dois ou três anos.
"Estamos vendo uma troca de mão interessante, entre os que já estavam no país, cansados das incertezas e querendo sair, e os que estão achando graça, avaliando que talvez seja um bom momento de entrar."
O mesmo raciocínio vale para investidores de renda fixa, com a oferta de juros a 14% no Brasil e ainda perto de zero no exterior, segundo o economista.
"Se o câmbio se estabiliza, fica parado a R$3,50 durante um ano, esses investidores obviamente vão achar interessantes [as aplicações disponíveis]", afirma.
"E está entrando dinheiro aí também no Brasil", completa Goldfajn.
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RODANDO CARECA
As produtoras de pneus venderam cerca de 20% menos para as montadoras entre janeiro e julho deste ano do que no mesmo período de 2014, diz a Anip, a associação que representa o setor.
As perdas foram parcialmente compensadas por reposições. As vendas de pneus de passeio, por exemplo, subiram 6,2%, mesmo com queda de 15,3% no volume destinado aos novos carros.
Há uma chance de melhora das exportações com a desvalorização do real, mas isso demora para ser sentido pela indústria, diz Alberto Mayer, presidente da Anip.
"Ainda não houve demissões, mas como a perspectiva não é boa, pode ser que se tenha que chegar a isso."
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RECORDE NEGATIVO
A confiança do consumidor paulista teve novo recorde de baixa e chegou a 79 pontos em julho, segundo índice da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Esse foi o pior resultado desde a primeira edição da pesquisa, em 2005.
O indicador nacional ficou em 84 pontos no mês. O índice vai de 0 a 200, sendo abaixo de 100 considerado pessimista e acima, otimista.
"Por ser o Estado com o maior PIB, São Paulo é mais sensível à crise", diz Alencar Burti, presidente da ACSP.
Foram entrevistados 1.200 consumidores no país.
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CAFÉ MINEIRO
A Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país, vai investir neste ano cerca de R$ 40 milhões para ampliar a sua estrutura de armazenagem.
O valor inclui aportes no complexo de Guaxupé (MG), sede do grupo, e em novo silos e galpões nas filiais de Monte Carmelo, Rio Paranaíba, Nova Resende e Serra do Salitre, todos municípios do interior mineiro.
"É um investimento contínuo para acompanhar o crescimento da produção", afirma o presidente, Carlos Alberto Paulino da Costa.
Neste ano, por questões climáticas, o setor cafeeiro projeta uma safra menor.
A Cooxupé, no entanto, deverá conseguir ampliar o volume por causa da abertura de cinco escritórios em Minas e São Paulo. "A expansão da área vai compensar a quebra de safra."
A cooperativa exporta 80% de sua produção, o que a torna menos suscetível às variações do mercado interno em períodos de crise, de acordo com o executivo.
R$ 2,6 bilhões
foi o faturamento da cooperativa no ano passado
11.500
é o número de cooperados
2.100
são os funcionários
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Mordida A Alibra, grupo paulista de produtos lácteos em pó e insumos para alimentos e bebidas, comprou a Genkor, do mesmo segmento. O valor do negócio não foi informado. A empresa projeta faturar R$ 150 milhões neste ano.
Controle A Serasa Experian fechou um contrato com a Multiplus, da área de fidelização, para fornecer serviços de verificação e validação de identidade de consumidores. O objetivo é evitar perdas com cadastros falsos.
Pá de cal As Indústrias Nucleares do Brasil vão gastar R$ 5 milhões para repor o sistema de tratamento de resíduos retirados há mais de 20 anos de uma mina de urânio que está sem atividades desde 1995, em Caldas (MG).