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China reage a pânico de investidores e corta juros
Ações anunciadas nesta terça, no entanto, não afastaram temores nos EUA
Beneficiada por cenário externo, Bovespa fechou o dia em alta; ganhos foram reduzidos após virada na Bolsa de NY
Influenciado pela forte desvalorização nos mercados internacionais na segunda-feira (24), o governo da China anunciou nesta terça (25) medidas para reduzir a taxa de juros de empréstimos e aumentar a liquidez do sistema bancário do país.
As ações têm como objetivo estimular a concessão de crédito e, assim, a atividade da economia chinesa, que tem se mostrado mais fraca que o previsto. Com isso, espera acalmar os mercados.
Nos primeiros negócios desta quarta (26), a Bolsa de Xangai reagiu com instabilidade. Abriu em alta de 1%, mas minutos depois passou a cair 2,3%.
A taxa de juros para empréstimos foi cortada em 0,25 ponto percentual, passando a 4,6% ao ano já a partir desta quarta. Já a taxa de depósito caiu para 1,75% anuais.
Além disso, a taxa do depósito compulsório –o valor que os bancos são obrigados a reter como reserva– de grandes instituições financeiras foi reduzida em 0,5 ponto percentual, para 18,0%.
A mudança, que entrará em vigor em 6 de setembro, deve disponibilizar 678 bilhões de yuans (US$ 106,2 bilhões) para empréstimos, segundo o "The Wall Street Journal".
O anúncio gerou reação positiva no mercado europeu, que fechou em alta nesta terça. Em Londres, o índice FTSE-100 avançou 3,09%, enquanto em Frankfurt o índice DAX subiu 4,97%.
As Bolsas dos EUA também se beneficiaram com as mudanças, operando em alta ao longo da maior parte do dia.
O temor de investidores com nova queda nos mercados asiáticos, que fecharam em queda nesta terça, antes do anúncio do BC chinês, acabou invertendo, porém, a tendência positiva em Nova York no fim da sessão.
O índice Dow Jones caiu 1,29%, a 15.666 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 1,35%, a 1.867 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,44%, a 4.506 pontos.
A queda no mercado americano fez com que o Ibovespa reduzisse os ganhos, fechando em alta de 0,47%. No início dos negócios, o índice chegou a subir mais de 2%.
Embora o governo chinês tenha sinalizado uma tentativa de conter a queda nas ações, analistas creem que o processo de desvalorização deve continuar na região. Isso porque estaria acontecendo um processo de correção após a alta de mais de 150% nos índices no último ano.
"Pode diminuir a velocidade da queda, mas futuras reduções acontecerão, não tenho a menor dúvida",afirmou Gilberto Masiero, especialista em Ásia da FEA-USP.