Dilma agora promete corte de despesas
Antes de decisão da S&P, presidente disse em entrevista que prepara medidas para economizar 0,7% do PIB em 2016
Planalto avalia que errou ao dar mais visibilidade a aumento de impostos em vez de a redução de gastos
Na tentativa de recuperar a credibilidade da política fiscal, a presidente Dilma Rousseff se comprometeu, antes que a nota do Brasil fosse rebaixada, com medidas que permitissem a economia de 0,7% do PIB no ano que vem.
Em entrevista ao Valor Pro, serviço de informação em tempo real do jornal "Valor Econômico", Dilma disse que enviaria, nas próximas semanas, propostas de aumento de receitas fiscais e de corte de despesas obrigatórias.
Na entrevista, a presidente disse ainda que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) não esta isolado e está trabalhando "horrores" pelo país.
A estratégia de elaborar novas medidas para garantir o superavit de 0,7% do PIB havia sido fechada pela presidente pela manhã, justamente para tentar evitar o rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação de risco.
Dilma deve acertar com sua equipe econômica nesta quinta-feira (10) uma espécie de "freio de arrumação" para unificar o discurso do governo sobre como resolver o problema do deficit no Orçamento do próximo ano.
Para interlocutores da presidente, o governo errou ao dar maior visibilidade, nos últimos dias, a propostas de aumento de receitas para equilibrar as contas da União, deixando em segundo plano o corte de despesas.
Agora, o objetivo da presidente é fechar um pacote de medidas que reduzam as resistências dos aliados a propostas de criação de novas fontes de receitas.
Ao todo, para cumprir a parte do governo federal na meta de superavit primário de 0,7% do PIB, será preciso bancar um esforço –entre corte de despesas e aumento de receitas– de R$ 65 bilhões.
Desde que começou a fechar sua proposta de Orçamento de 2016, o governo divulgou diversas propostas de aumento de receitas, recebidas de forma negativa por aliados e empresários.
A primeira foi a recriação da CPMF. Depois, o governo falou em elevar a Cide (tributo cobrado sobre combustíveis), o IOF, o IPI e o o Imposto de Renda da Pessoa Física.
As novas propostas de aumento de receitas também foram recebidas de forma negativa pela base aliada.