Júnior Friboi volta aos negócios com ambição de criar 'nova JBS'
Filho mais velho do fundador da empresa de carne retorna ao mercado e estreia no setor imobiliário
Batista Júnior diz que, se a JBS não pode mais comprar frigoríficos no país, ele pode, e cogita oferta por Marfrig
O empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, desistiu da política e voltou ao mundo dos negócios com grandes ambições. "Por que não posso criar uma nova JBS?", diz o filho mais velho de José Batista Sobrinho, fundador da empresa de carnes.
Júnior ganhou o sobrenome Friboi por comandar a empresa durante mais de 20 anos. Em 2013, no entanto, Júnior deixou de ser Friboi. Para se dedicar à política, trocou as suas ações na J&F, controladora da JBS, por ativos cujo valor não foi divulgado.
Os planos para se tornar governador de Goiás não deram certo. Junior, então, decidiu retornar às raízes e se arriscar no mercado imobiliário (leia ao lado), mas separou negócios e família.
No final do ano passado, ele comprou o frigorífico Mataboi, com capacidade de abate diária de 2.000 bovinos por dia em duas unidades.
O negócio foi incorporado à JBJ Agropecuária, empresa com suas iniciais que tem fazendas de gado e três confinamentos. Com o Mataboi, entrou também no abate.
Ele não deve parar por aí. "A JBS não pode fazer aquisições de frigoríficos por causa da lei do Cade [Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência]. Mas eu posso comprar o Mataboi e outras unidades", disse nesta quarta (9) em encontro com jornalistas em São Paulo. Em Estados onde tem posição de liderança, a JBS não pode comprar ou arrendar novas unidades por ordem do Cade.
Questionado sobre a possibilidade de fazer uma oferta pelo frigorífico Marfrig, alvo de especulação sobre vendas, Júnior manteve o bom humor: "Ainda não comprei, mas posso comprar". Para ele, nos próximos três anos haverá muitas oportunidades de compras nesse mercado.
Manter a família Batista na posição de compradora, mesmo com restrições impostas pelo Cade, não causa constrangimento ao empresário. Ele não vê conflito nas operações por não ser mais acionista da JBS. "Não estou fazendo nada que prejudique o mercado. Até os pecuaristas, que mais me preocupavam, não me questionaram."
Júnior, no entanto, ainda se refere à JBS como "nós" em momentos de distração.
"É minha família, minha história", justifica.
Também não se considera concorrente dos irmãos Joesley e Wesley, que hoje comandam os negócios da família: "Nunca vou chegar ao tamanho da JBS." E nega que conflitos tenham resultado na sua saída do império construído pelos Batista.