Desde 2006, desempregado não levava tanto tempo para achar vaga
Na média em julho das principais metrópoles, 14,4 semanas eram necessárias para obter emprego
Desempregados do Rio são os que mais tempo passam na fila: 17,3 semanas; em SP, busca é de 13,9 semanas
Desde que perdeu o emprego de auxiliar de serviços gerais no ano passado, Patrícia Silva, 37, tem percorrido as agências de recrutamento do Rio para se reinserir no mercado. São mais 30 semanas de procura e frustração.
"Pego a carta de recomendação da agência e vou para a entrevista, mas são muitos candidatos e nem sempre o salário é bom", disse Patrícia, divorciada e mãe de cinco.
Com a piora do mercado de trabalho, o tempo que os brasileiros passam procurando emprego chegou a 14,4 semanas em julho, na média de seis metrópoles, o mais longo para o mês desde 2006 (14,9 semanas).
Os cálculos foram feitos pelo IBGE, a pedido da Folha, com base na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que acompanha o mercado de trabalho das seis principais regiões metropolitanas do país.
O Rio de Janeiro tem a maior "fila" de espera de emprego. Em julho, os desempregados da cidade estavam na média há 17,3 semanas –mais de quatro meses– procurando emprego.
Logo atrás está Salvador, onde o tempo médio de procura é de 16,1 semanas. Em seguida estão as regiões metropolitanas de São Paulo (13,9), Recife (13,1), Porto Alegre (12,7) e Belo Horizonte (11,5).
Em julho de 2012, os habitantes dessas seis regiões levavam em média 12,6 semanas para conseguir emprego, o melhor momento da série, iniciada em 2003. Houve acréscimo na comparação a julho de 2014, ainda que sutil: eram 14,3 semanas.
O economista João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, diz que o maior tempo de procura por uma vaga está ligado ao aumento das demissões.
"Se o empregado pede para sair, provavelmente já tem outro emprego em mente. Se foi demitido, porém, a busca leva mais tempo", disse.
TENDÊNCIA É PIORAR
Com a recessão econômica e perspectiva de retomada da economia apenas em 2017, a tendência é de piora do tempo que os brasileiros passam atrás de um emprego.
"Dependendo do aprofundamento da recessão econômica, a tendências é que esse tempo médio de procura aumente", disse Saboia.
Em julho, 1,84 milhão de moradores das seis principais regiões metropolitanas procuravam uma vaga sem conseguir, 56% a mais que em igual período de 2014.
A maior procura por emprego foi o principal responsável pela alta da taxa de desemprego das metrópoles em julho para 7,5%, a maior para o mês desde 2009 (8%). Para o IBGE, é considerado desempregado quem buscou trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa.