Fundo cambial é a melhor aplicação do mês
Alta do dólar, causada por fatores externos e internos, impulsionou ganhos em setembro
A forte valorização do dólar em setembro impulsionou os ganhos de fundos cambiais e do ouro, levando-os à liderança do ranking de investimentos da Folha.
O mês foi marcado por incertezas envolvendo o cenário político-econômico brasileiro, que culminaram no rebaixamento da nota de classificação de risco do país pela agência Standard & Poor's –de grau de investimento para especulativo.
As expectativas sobre a elevação dos juros nos Estados Unidos e os rumos da economia chinesa também pressionaram a cotação.
A moeda norte-americana registrou alta de 9% no período, para R$ 3,957 –o pico chegou a R$ 4,249, no dia 24.
Com isso, os fundos cambiais avançaram 9,28% em setembro –já com desconto do Imposto de Renda, cuja alíquota anual é de 17,5%. Em 12 meses, o ganho chega a 52,93%.
Segunda melhor aplicação no período, o ouro avançou 7,22% –em 12 meses, a alta foi de 48,42%.
"Muitos investidores procuraram o ouro para proteger seu patrimônio das incertezas políticas do país", afirma Maurício Gaiote, analista da Ourominas. O ouro é isento de IR para movimentações até R$ 20 mil.
BOLSA E RENDA FIXA
Com o dólar e os juros em alta no país, a maioria dos investimentos financeiros superou a inflação estimada para o período, de 0,48%, de acordo com a mais recente pesquisa semanal do Banco Central com economistas (o Boletim Focus).
Os fundos DI e de renda fixa registraram alta de 0,80% e 0,70% em setembro, respectivamente, já considerando o desconto do IR.
A poupança –tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data– rendeu 0,69% no mês. Em 12 meses, a tendência de ganho sobre o IPCA se mantém –o índice oficial teve alta de 9,53% até agosto.
O título de pior aplicação no mês passado ficou com os fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que deseja aplicar em Bolsa, com queda de 1,04%. Em 12 meses, a desvalorização foi de 5,61%. É importante ressaltar que não há desconto de IR quando o rendimento é negativo.
O Ibovespa, principal índice do mercado, registrou queda de 3,36% no mês –o terceiro seguido de desvalorização. Em 12 meses, a baixa alcança 16,74%.
De acordo com Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer, o rebaixamento do país, a instabilidade política e as turbulências no exterior também reduziram a disposição do investidor ao risco, prejudicando a Bolsa.
Para ele, há outras opções de investimento mais interessantes que a Bolsa atualmente. "A taxa de juros está tão alta que o risco da renda variável torna essa aplicação bem menos atraente que a renda fixa", diz.