Calotes na Lava Jato não estressam os bancos, diz BC
Se todas quebrassem, tombo seria de R$ 3,4 bi, 0,4% do patrimônio
Sistema financeiro, porém, teria de buscar recursos para ficar dentro do limite para cobrir riscos de crédito
Os bancos brasileiros têm condições de suportar uma quebradeira de empresas que prestam serviços à Petrobras e estão envolvidas na Operação Lava Jato, segundo cálculo do Banco Central.
A necessidade de dinheiro seria de R$ 130 milhões se fossem afetadas apenas as empresas "mais vulneráveis", o que inclui aquelas em recuperação judicial, as já inadimplentes ou que têm elevada dependência da Petrobras.
Se todas as empresas quebrassem, seriam necessários R$ 3,4 bilhões. O valor corresponde a 0,4% do patrimônio do sistema, percentual considerado baixo pelo BC.
Na hipótese de calotes de todas essas empresas, nenhum banco quebraria, disse o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles.
Mas essas instituições teriam de buscar recursos para repor parte do seu capital e ficar dentro do limite mínimo para cobrir riscos de crédito.
Ao estimar o impacto de um evento como esse sobre o sistema bancário, o BC considerou também a possibilidade de inadimplência de companhias cujas receitas dependem desses prestadores de serviços. Colocou ainda na conta possível calotes de seus funcionários.
O BC deixou de fora dos cálculos a própria Petrobras, que também enfrenta dificuldades para pagar suas dívidas. Os cálculos fazem parte do Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo BC.
EFEITO DO DÓLAR
No documento, a instituição afirma que novos pedidos de recuperação judicial de companhias como as envolvidas na Lava Jato e o endividamento de empresas em dólar demandam atenção especial neste momento.
As dívidas em moeda estrangeira representavam em junho 32% do endividamento total das empresas no Brasil. Três anos antes, a participação era de 22%.
O diretor do Banco Central afirmou, no entanto, que a parcela de empresas sem proteção contra variações cambial sobre suas dívidas é pequena: passou de 3,1% do PIB em dezembro de 2014 para 3,3% em junho de 2015.