Investidores já sabem 'claramente' onde risco é maior, afirmam bancos
Busca por segurança neste ano é similar ao movimento de 2008-10, no auge da crise global
Endividamento das companhias brasileiras aumentou 7 pontos desde o fim de 2014, com aumento do dólar
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) diz em relatório que os investidores institucionais passaram a "diferenciar claramente" os mercados que apresentam os maiores riscos.
"Fundamentos econômicos frágeis, preços de commodities em baixa, dívidas corporativas elevadas e tensões políticas reduziram muito o apetite de investidores por esses mercados", diz o instituto que reúne os grandes bancos mundiais.
O IIF também destaca que 2015 marcou uma inversão do comportamento dos investidores internacionais.
A busca por segurança nos mercados avançados, em detrimento dos emergentes, se assemelha à tendência observada no ápice da crise global em 2008-2010.
O terceiro trimestre deste ano ficou marcado não só pelas incertezas sobre a decisão do Fed (BC dos EUA) de começar a elevar os juros (praticamente zerados desde o fim de 2008) neste ano, mas também pelas turbulências no mercado financeiro chinês, causadas pelas dúvidas sobre o ritmo de crescimento do país asiático e que afetaram as Bolsas de outros países emergentes.
No Brasil, a situação foi agravada pelas dificuldades políticas do governo, com ameaça de impeachment da presidente Dilma, pela redução da meta de superavit primário e pela perda do grau de investimento (selo de bom pagador) concedido pela agência Standard & Poor's.
DÍVIDA DAS EMPRESAS
Nesse cenário, as dívidas corporativas dos emergentes ganham destaque entre os motivos da saída dos investidores. Na média, o endividamento privado desses países equivale hoje a quase 90% do PIB (Produto Interno Bruto), ante 70% há quatro anos.
A China é o país em que as empresas não financeiras estão mais endividadas atualmente, com débitos totais equivalentes a 161% do PIB.
Mas o Brasil preocupa também por causa da rápida valorização do dólar, de cerca de 70% nos últimos 12 meses, e por seu impacto sobre o endividamento empresarial.
Apenas a variação do dólar do final de 2014 para cá representou um aumento de mais de sete pontos percentuais no endividamento das companhias brasileiras –equivalente a 51% do PIB, de acordo com o IIF.
Nos últimos cinco anos, as dívidas em dólar dobraram, de 7% do PIB para 15%.
Na média dos emergentes, a alta da moeda norte-americana não passou de 30% nos últimos três anos, de acordo com o IIF.